Ibovespa fecha em queda após Focus apontar fim de cortes da Selic; dólar sobe

Economistas consultados em pesquisa do BC agora preveem que a taxa de juros encerrará o ano em 10,50%, mesmo patamar atual; moeda americana avança a R$ 5,42

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17 de Junho, 2024 | 06:12 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,33%, aos 119.263 pontos, nesta segunda-feira (17), sob influência de estimativas mais altas para a Selic e para o IPCA divulgadas no Boletim Focus, do Banco Central, antes da decisão de política monetária do Copom na quarta-feira. O dólar (USDBRL) subia 0,80% e era negociado a R$ 5,42.

Economistas do mercado financeiro agora preveem que a taxa de juros de referência deve encerrar 2024 no atual patamar de 10,50% ao ano, o que sugere que o BC não terá mais espaço para fazer cortes adicionais de juros este ano, segundo a visão do mercado.

Os analistas consultados na pesquisa do BC também elevaram as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). As apostas para a inflação de 2025 (principal alvo do Banco Central) subiram pela sétima semana consecutiva para 3,80%. No início de maio, antes da última reunião do Copom, a projeção era de 3,64%. Para 2024, as estimativas passaram para 3,96%, ante 3,90% no relatório da semana passada. A meta de inflação do BC é de 3%.

Investidores também seguem atentos às preocupações com o equilíbrio das contas públicas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que teve uma reunião produtiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira para discutir a evolução dos gastos públicos e isenções fiscais.

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Lula está muito “familiarizado” e “acostumado” com os debates orçamentários, disse Haddad a jornalistas. “Lula recebeu os números com muito interesse”, afirmou.

Leia também: Fundos apostam em inflação em meio a dúvidas sobre próximos passos do BC

O objetivo da reunião era fornecer informações ao presidente para que o governo pudesse elaborar um Orçamento que garantisse os direitos das pessoas e criasse espaço para investimentos no próximo ano, segundo Haddad. O governo precisa apresentar uma proposta da lei orçamentária do ano que vem ao Congresso nos próximos meses. O presidente também pediu um compromisso para votar as regulamentações da reforma tributária, segundo Haddad.

Entre os ativos, a maior contribuição negativa foi da Vale (VALE3), que recuou com a queda do preço do minério de ferro depois de dados econômicos mais fracos na China.

Os papéis da Rede D’Or (RDOR3) lideraram as perdas, repercutindo o acordo da Dasa (DASA3) e da Amil para fazer uma fusão das suas operações de hospitais, o que pode representar uma maior concorrência.

Na outra ponta, o Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 2,44% e foi a maior alta e maior contribuição positiva para o pregão. Analistas do Morgan Stanley elevaram as ADRs do banco a overweight (equivalente a recomendação de compra), com preço-alvo de US$ 8.

Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) também avançaram, enquanto BTG Pactual (BPAC11) teve queda e o Banco do Brasil (BBAS3) fechou estável.

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Os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) fecharam mistos, com as ações preferenciais subindo 0,37% e as ordinárias se mantendo estáveis, com alta de 0,05%.

Fora do Ibovespa, os papéis da Zamp (ZAMP3), operadora das redes de fast food Burger King e Popeyes no Brasil, tiveram queda de 5,93%. A empresa anunciou ao mercado na noite de sexta-feira (14) a saída do CEO Ariel Grunkraut, que ficará no cargo até o próximo dia 28. Não foi anunciado um substituto.

Há uma semana, a companhia divulgou um acordo com a SouthRock, em recuperação judicial, para a aquisição de bens e direitos da operação da Starbucks no Brasil por R$ 120 milhões.

A Zamp é controlada desde fevereiro deste ano pelo Mubadala Capital, gestora que é subsidiária do Mubadala Investment Company, um fundo soberano de Abu Dhabi.

Exterior

Já em Nova York, um rali das ações de grandes empresas de tecnologia impulsionou os índices de ações para novas máximas históricas. O S&P 500 bateu o recorde pela 30ª vez este ano, desafiando as preocupações de que as altas em sequência poderiam tornar o mercado mais vulnerável a surpresas.

O otimismo sobre a economia americana, a melhora nos lucros corporativos e o potencial início dos cortes de juros impulsionaram as ações em cerca de 15% este ano. A recente desaceleração da inflação e a febre da inteligência artificial também impulsionaram as ações.

Investidores agora aguardam a divulgação de novos dados da atividade econômica para avaliar os próximos passos do banco central dos Estados Unidos.

O presidente da regional da Filadélfia do Federal Reserve, Patrick Harker, disse que considera apropriado um corte na taxa de juros este ano, com base em sua previsão atual, ressaltando a mensagem de que taxas mais elevadas provavelmente persistirão.

Harker disse que um relatório recente mostrando que os preços ao consumidor arrefeceram em maio foi “muito bem-vindo”, mas acrescentou que gostaria de ver mais dados econômicos para ter certeza de que a inflação está caminhando para a meta de 2% do banco central dos Estados Unidos.

Segundo ele, outros caminhos para a política monetária podem ser tomados, dependendo do que esses relatórios mostrarem, já que a incerteza continua alta.

“Se tudo ocorrer como o previsto, acho que um corte na taxa seria apropriado até o final do ano”, disse Harker nesta segunda-feira (17) durante um evento na Filadélfia.

-- Com informações da Bloomberg News.