Ibovespa fecha em queda após ata do Fed indicar juros elevados por mais tempo

Ações do índice brasileiro tiveram queda generalizada nesta quarta-feira em reação ao tom mais duro do documento; falas de Haddad sobre meta de inflação também pesaram

Por

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) seguiu os índices de Nova York e fechou em queda de 1,38%, aos 125.650 pontos, nesta quarta-feira (22), com a reação dos investidores à ata da reunião de política monetária do Federal Reserve. O dólar (USDBRL) subia 0,59% e era negociado a R$ 5,15 no fechamento.

A ata da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que terminou em 1º de maio, mostrou que, embora os diretores do Fed tenham avaliado que a taxa de juros estava “bem posicionada”, várias autoridades mencionaram a disposição de restringir ainda mais a política monetária, se necessário.

“Os participantes observaram dados decepcionantes da inflação no primeiro trimestre”, de acordo com a ata divulgada nesta quarta-feira (22) em Washington.

Leia também: Copom em sintonia é importante para a credibilidade, diz ex-presidente do BC

As autoridades também discutiram a possibilidade de manter as taxas estáveis por mais tempo “caso a inflação não mostre sinais de estar se movendo de forma sustentável em direção a 2% ou de reduzir a restrição da política no caso de um enfraquecimento inesperado das condições do mercado de trabalho”, diz a ata.

O tom hawkish do documento reforçou os temores com a possibilidade de um novo aumento de juros nos EUA ou de os juros se manterem elevados por ainda mais tempo, o que derrubou os ativos de risco.

No Brasil, a queda foi generalizada, com apenas 11 ativos registrando alta. As perdas afetaram ações de empresas de varejo, bancos, construtoras e de companhias ligadas a commodities. A Vale (VALE3) fechou em queda, ficando entre as maiores contribuições negativas.

Os papéis também foram influenciados pelas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que classificou a meta de inflação de 3% como “exigentíssima” e um patamar “inimaginável” para um país como o Brasil, o que afetou as curvas de juros.

“Desde o regime de metas instituído, quantas vezes o Brasil teve 3% de inflação? Quantos anos isso aconteceu nos 25 anos do regime de metas?”, afirmou o ministro durante depoimento em comissão na Câmara dos Deputados.

A Petrobras (PETR3;PETR4) subiu, apesar da queda do preço do petróleo, depois de a empresa chegar a um acordo com o Cade para para manter as refinarias de petróleo que ainda não foram vendidas, à medida que a empresa se prepara para expandir suas operações de refino.

A companhia disse em um documento nesta quarta-feira que renegociou um acordo de 2019 com o Cade para vender oito refinarias. A empresa já vendeu três plantas, mas as outras foram retiradas de seu plano de desinvestimento, disse.

Por outro lado, os papéis de outras petroleiras como Prio (PRIO3), 3R (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3) fecharam em baixa.

A Rede D’or (RDOR3) tiveram perdas depois de a Carlyle, de private equity, vender o equivalente a R$ 2,2 bilhões em ações e zerar a sua participação na empresa.

A Suzano (SUZB3) também fechou em baixa após confirmar seu interesse em comprar os ativos da gigante norte-americana de embalagens International Paper. A empresa, maior produtora de celulose do mundo, reiterou ao mesmo tempo que nenhum acordo foi feito.

A Minerva (BEEF3) caiu 8,65% e a Marfrig (MRFG3) perdeu 3,14% após as empresas confirmarem que o órgão regulador antitruste do Uruguai vetou parte de uma venda de ativos no valor de US$ 1,5 bilhão que aumentaria o domínio da Minerva sobre as exportações de carne bovina da América do Sul.

As processadoras de carne planejam seguir em frente com a transação para o restante das unidades, incluindo mais de uma dúzia de abatedouros no Brasil, Argentina e Chile, disseram as duas empresas em declarações separadas na terça-feira (21).

TIM (TIMS3), Telefônica Vivo (VIVT3), Grupo Soma (SOMA3), Arezzo (ARZZ3) e Carrefour Brasil (CRFB3) subiram e lideraram as altas.

Ainda no cenário corporativo doméstico, a Americanas (AMER3) aprovou em assembleia geral extraordinária (AGE) um novo aumento de capital de até R$ 40,7 bilhões. O aumento é parte do acordo de recuperação judicial da varejista, entregue em março do ano passado.

- Com informações da Bloomberg News.