Ibovespa fecha em alta com promessas de mais estímulos da China; Vale avança 6%

Expectativas de que Pequim deve adotar medidas fiscais para estimular a economia impulsionou as ações ligadas a commodities e metais; dólar cai a R$ 5,44

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) atingiu o maior patamar em uma semana, com os investidores reagindo às promessas de novas medidas de estímulo econômico por parte do governo da China, o que sustentou os ganhos de ações ligadas a commodities e metais.

O principal índice da bolsa brasileira subiu 1,08%, aos 133.010 pontos, nesta quinta-feira (26), puxado principalmente pelas ações da Vale (VALE3). A mineradora encerrou com ganhos de 6,01%, a R$ 64,25, e foi a maior contribuição positiva em volume, repercutindo o avanço do preço do minério de ferro. A cotação da commodity avançou 3,96% e superou os US$ 100 por tonelada em Singapura, maior patamar desde o fim de agosto.

O dólar (USDBRL) fechou em queda de 0,67%, a R$ 5,44.

As perspectivas positivas na China contribuíram para o avanço da CSN (CSNA3), que subiu 8,95% e ficou entre as maiores altas. A CSN Mineração (CMIN3), segunda maior exportadora de minério de ferro brasileira e ligada ao grupo, subiu 6,67%.

Por outro lado, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram, em reação ao recuo dos preços do petróleo, evitando um avanço maior do Ibovespa. A CEO Magda Chambriard disse nesta quinta que a empresa pode fazer cortes nos preços dos combustíveis se houver espaço. Os papéis preferenciais cederam 2,16% e estenderam as perdas no mês, com queda acumulada de 7,9% até esta quinta.

Outras empresas do setor de petróleo e gás também caíram. A Brava Energia (BRAV3), formada após a fusão da 3R Petroleum e da Enauta, caiu 6,54% e foi a maior queda do dia, seguida da Prio (PRIO3), que cedeu 4,84%.

Já o o setor financeiro teve ganhos. A B3 (B3SA3) avançou 0,56%, depois de cair na véspera. Entre os bancos, o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4) subiram 1,27% e 2,56%, respectivamente. O BTG Pactual (BPAC11) avançou 0,97% e o Santander Brasil (SANB11) recuou 0,58%.

Destaque ainda para a Cogna (COGN3), que subiu 7,20%, com rumores sobre conversas com a concorrente Yduqs (YDUQ3) sobre uma possível fusão. Em comunicado ao mercado, a Cogna afirmou que “não há informações a serem divulgadas ao mercado sobre qualquer transação envolvendo a Companhia e as entidades mencionadas”. A Yduqs avançou 2,87%.

Mais cedo, o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central trouxe projeções mais altas para a economia, com a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) passando de 2,3% para 3,2%. Para 2025, a expectativa inicial é de 2,0%.

Em relação à inflação, o Banco Central espera que retome uma trajetória de queda após o terceiro trimestre de 2024, mas que ainda continue acima da meta. As projeções para a inflação são de 4,3% em 2024, 3,7% em 2025 e 3,3% em 2026, segundo o relatório.

O relatório apontou que os dados indicam um cenário de crescimento econômico mais forte que o esperado, com inflação ainda acima da meta, o que requer uma política monetária mais contracionista.

Exterior

Em Nova York, as ações subiram enquanto os investidores aguardam maiores pistas sobre a saúde da economia após dados otimistas divulgados nesta quinta-feira.

O S&P 500 subiu 0,4%, alcançando seu 42º recorde de fechamento neste ano. O Nasdaq 100 encerrou a sessão com alta de 0,7%, depois de subir até 1,5% mais cedo. O rendimento do Tesouro dos EUA a 10 anos avançou para cerca de 3,79%.

Os mercados estavam eufóricos mais cedo após dados destacarem uma economia americana resiliente e a China se comprometer a apoiar os gastos fiscais.

Agora, os investidores estão aguardando o próximo lote de catalisadores que podem fornecer indícios sobre a economia e o caminho do Federal Reserve. Isso inclui o indicador de inflação preferido do banco central dos EUA e uma visão geral da demanda do consumidor que será divulgada na sexta-feira.

Mais cedo, dados revisados mostraram que a economia dos EUA saiu da pandemia em melhores condições do que o inicialmente esperado. Uma queda nos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA ressaltou a resiliência do mercado de trabalho. No entanto, os investidores que acompanhavam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na quinta-feira, não obtiveram detalhes sobre as perspectivas econômicas ou o caminho da política monetária.

Na China, a reunião do presidente Xi Jinping com o Politburo, comitê decisório do Partido Comunista chinês, terminou com a promessa de empenho para atingir as metas econômicas do governo, informou a agência oficial de notícias Xinhua nesta quinta-feira (26).

As autoridades prometeram medidas para fazer com que o mercado imobiliário “pare de cair”, depois que os preços de moradias novas sofreram a maior queda mensal desde 2014 em agosto.

O governo também limitará rigorosamente a construção de novos projetos imobiliários para aliviar o excesso de oferta, disse o Politburo, embora esse tipo de construção tenha quase parado.

Embora o Politburo não tenha dado detalhes sobre gastos públicos, o Ministério das Finanças planeja emitir 2 trilhões de yuans (US$ 284,43 bilhões) em títulos soberanos especiais este ano, informou a Reuters. A captação seria usada para estimular o consumo e ajudar governos locais com problemas de dívida.

“Dois trilhões de yuans superam em muito as expectativas”, disse Bruce Pang, economista-chefe para China na Jones Lang LaSalle. “É um grande estímulo fiscal que sustenta tanto o aumento do consumo quanto a redução de riscos.”

O pacote de medidas, incluindo a captação, impulsionaria o crescimento da economia em 0,2 ponto percentual e ajudaria o governo a atingir sua meta anual de cerca de 5%, acrescentou.

- Com informações da Bloomberg News