Ibovespa fecha em alta com otimismo no exterior após Powell sinalizar corte de juro

Índice brasileiro avançou 0,32% puxado principalmente pela B3 e terminou a semana com valorização de 1,24%; dólar recuou a R$ 5,49

After Hours
23 de Agosto, 2024 | 06:11 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,32%, aos 135.608 pontos, nesta sexta-feira (23), diante do otimismo nos mercados globais depois de o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dizer que “chegou a hora de cortar o juro” em um discurso no simpósio do BC americano em Jackson Hole.

Os principais índices de Nova York avançaram mais de 1% e o dólar perdeu força. No Brasil, a cotação da moeda americana recuava 1,78% e operava a R$ 5,49 no fim do pregão.

Com o resultado, o índice da bolsa brasileira acumulou alta de 1,24% na semana, embora tenha ficado abaixo do recorde nominal alcançado nos últimos dias. A uma semana do fim de agosto, o Ibovespa avança 6,23% no mês até esta sexta e caminha para alcançar o melhor desempenho mensal em 2024.

Os ganhos da sessão foram puxados principalmente pela B3 (B3SA3), que subiu 1,59% e foi a maior contribuição positiva em volume, seguida do Bradesco (BBDC4), que avançou 0,90%.

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Destaque ainda para a Lojas Renner (LREN3), que teve ganhos de mais de 7%, em um dia positivo para as empresas com negócios mais sensíveis aos juros. Além da empresa, Cogna (COGN3), Eztec (EZTC3), Yduqs (YDUQ3) e MRV (MRVE3) subiram expressivamente e ficaram entre as maiores altas do dia.

Por outro lado, a queda do dólar pesou sobre as empresas do setor exportador. A Vale (VALE3) caiu 1,68% e as ações preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) recuaram 0,62%, ficando entre as principais influências negativas. Os frigoríficos JBS (JBSS3), BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) tiveram perdas. A exceção foi a Minerva (BEEF3), que subiu.

Entre os bancos, o Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 0,76%, impedindo um avanço maior do Ibovespa. Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) foram na contramão e subiram.

Estados Unidos

No mercado americano, as ações dispararam em todos os setores e os rendimentos dos títulos caíram, com a sinalização mais clara de Jerome Powell até agora de que o Federal Reserve começará a cortar as taxas de juros em setembro.

Embora Wall Street já tivesse precificado o afrouxamento da política monetária no próximo mês, os comentários de Powell de que “chegou a hora” validaram essas expectativas.

Agora, há muitos outros aspectos em seu discurso em Jackson Hole que não devem ser negligenciados. Em primeiro lugar, o presidente do Fed reconheceu o progresso recente na inflação. Além disso, ele vê a economia crescendo em um “ritmo sólido” — o que oferece alívio após as recentes incertezas sobre o crescimento.

Para Krishna Guha, da Evercore, embora Powell não tenha mencionado explicitamente o “tamanho” dos cortes, o “ritmo” incorpora a possibilidade de um movimento mais rápido do que 25 pontos-base por reunião.

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“Powell soou o alarme para o início do ciclo de cortes,” disse Seema Shah da Principal Asset Management. “Powell não se comprometeu com um corte de 50 pontos-base. Mas não se engane, se o mercado de trabalho mostrar sinais de esfriamento adicional, o Fed cortará com convicção.”

Um enfraquecimento do mercado de trabalho, mais acentuado do que se pensava, deve estimular cortes de juros mais rápidos e profundos pelo Fed, de acordo com a pesquisa mensal mais recente da Bloomberg com economistas.

Isso deve deixar a taxa de juros 75 pontos-base abaixo do nível atual até o final deste ano — a pesquisa de julho previa apenas 50 pontos-base de alívio — seguido por um ritmo mais rápido de cortes até 2026.

Enquanto muitos estavam atentos ao discurso de Powell no simpósio de Jackson Hole, para Michael Wilson, do Morgan Stanley, os dados de empregos no início de setembro serão ainda mais importantes.

“Tudo gira em torno dos dados de emprego, ponto final — é isso que vai ditar o que o Fed fará, eles já disseram isso,” disse Wilson, estrategista-chefe de ações dos EUA do banco, em entrevista à Bloomberg Television. “E é isso que o mercado vai negociar.”

-- Com informações da Bloomberg News