Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,60%, aos 120.336 pontos, com os investidores à espera da decisão do Banco Central (BC) sobre os juros do país e em um dia de menor liquidez nos mercados por conta do feriado nos Estados Unidos.
O desempenho do índice ganhou força no final do pregão com a expectativa maior sobre uma decisão unânime dos diretores do Copom de manter a taxa de juros em 10,50% ao ano.
O dólar (USDBRL) recuava 0,04% e era negociado a R$ 5,43 ao final do pregão, depois de atingir R$ 5,48 ao longo do dia em meio a preocupações sobre a decisão do BC e temores com o equilíbrio fiscal.
Segundo analistas ouvidos pela Bloomberg News, é esperado que seja feita uma pausa no ciclo de quase um ano de cortes nas taxas de juros, já que os formuladores de políticas enfrentam uma crise de credibilidade generalizada e lutam para domar as expectativas de inflação que estão subindo ainda mais acima da meta.
“O Banco Central provavelmente interromperá seu ciclo de flexibilização nesta quarta-feira, com a política monetária ainda apertada, enquanto tenta conter o aumento das expectativas de inflação. Esperamos uma declaração pós-reunião mais hawkish, embora os formuladores de políticas possam tentar desviar os mercados dos aumentos das taxas precificados pela curva de juros”, avalia Adriana Dupita, economista da Bloomberg para Brasil e Argentina.
Entre os ativos, a Vale (VALE3) subiu e ficou entre as maiores contribuições positivas com o avanço do preço do minério de ferro. A cotação da commodity em Singapura subiu pelo segundo dia.
Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB3) também contribuíram para o desempenho do Ibovespa após o banco realizar seu Investor Day nesta quarta-feira (19). Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, copresidentes do conselho de administração do Itaú, reforçaram em mensagem a investidores o foco na agenda de eficiência do banco, em um momento em que fatores como a complexidade operacional e os custos associados tornam mais desafiadora a competição com bancos digitais.
“Lidamos com isso de maneira disciplinada e sistemática. Buscamos índice de eficiência cada vez mais fortes”, disse Moreira Salles. Ele explicou que a melhora desse índice se tornou uma agenda permanente que busca ganhos de alguns pontos percentuais a cada ano, de modo que já se avançou dez pontos.
Os papéis do Bradesco (BBDC4), do Banco do Brasil (BBAS3), do Santander (SANB11) e do BTG Pactual (BPAC11) também fecharam em alta.
As empresas de alimentos e frigoríficos BRF (BRFS3), Marfrig (MFRG3) e Minerva (BEEF3) subiram, refletindo o avanço do dólar e o momento positivo do mercado. A JBS (JBSS3) também subiu.
Já a Petrobras (PETR3; PETR4) fechou perto da estabilidade em dia de cerimônia de posse da CEO Magda Chambriard. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, eram esperados no evento.
Entre as quedas, a B3 (B3SA3) fechou em baixa, assim como Azul (AZUL4), Assaí (ASAI3), Carrefour Brasil (CRFB3) e Raízen (RAIZ4).
A Cosan (CSAN3) também teve queda e ficou entre as maiores perdas do dia. Segundo fontes da Bloomberg News, a empresa trabalha com bancos para realizar uma potencial oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos de sua subsidiária produtora e distribuidora de lubrificantes Moove.
Bank of America, JPMorgan Chase e Citi são os bancos envolvidos na transação. A listagem poderá ocorrer já no segundo semestre do ano, dependendo das condições do mercado.
A Cosan possui cerca de 70% da Moove, enquanto o fundo CVC tem uma participação de 30% que foi adquirida há cerca de seis anos por R$ 562 milhões, avaliando a empresa em cerca de R$ 1,9 bilhão na época.
Exterior
Nos mercados globais, as ações europeias e os futuros de ações dos EUA operaram mistos depois dos ganhos impulsionados pelo setor de tecnologia. Os contratos do S&P 500 ficaram estáveis em um negociação reduzida em razão do feriado nos Estados Unidos.
Os futuros do Nasdaq 100 avançaram para um recorde histórico. O índice europeu Stoxx 600 caiu 0,2% após dois dias de ganhos, enquanto os rendimentos dos títulos em toda a zona do euro subiram.
Apesar de uma recente oscilação causada por tensões políticas na França, as ações europeias ainda estão cerca de 2% abaixo de seus últimos recordes de alta.
Dados do Reino Unido na quarta-feira reforçaram os sinais de que a inflação está desacelerando em todo o mundo desenvolvido, o que pode permitir que os bancos centrais reduzam as taxas de juros.
Os investidores também ficaram de olho nos desdobramentos na França, que recebeu uma reprimenda da União Europeia por violar as regras de déficit e dívida do bloco. Os rendimentos dos títulos franceses de 10 anos subiram quase quatro pontos base, enquanto o spread em relação aos seus pares alemães permaneceu no nível mais amplo desde 2017, em meio a preocupações de que a próxima eleição antecipada resulte em uma vitória para grupos de extrema direita com políticas de alto gasto.
-- Com informações da Bloomberg News.