Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,19%, aos 127.860 pontos, com os investidores reagindo ao novo cenário eleitoral nos EUA depois da desistência de Joe Biden de disputar a reeleição bem como a novas projeções do governo no Brasil para o déficit fiscal primário.
O dólar (USDBRL) caía 0,41% e era negociado R$ 5,58 no fim do pregão.
Entre os ativos, a Sabesp (SBSP3) subiu 2,47% e foi a principal contribuição positiva em volume. A oferta de ações da empresa foi liquidada nesta segunda, última etapa do processo de privatização da companhia. O governo do Estado de São Paulo vendeu 32% de seus papéis por R$ 14,8 bilhões.
As ações da Vale (VALE3) recuaram, impedindo o avanço mais amplo do Ibovespa, e as do Itaú Unibanco (ITUB4) fecharam estáveis.
Os papéis preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) cederam 1,96%. A empresa informou na sexta-feira (19), após o fechamento do mercado, ter fechado um acordo com parte das empresas parceiras em consórcios de exploração e produção no processo de ressarcimento de R$ 19,8 bilhões que a empresa fará à União em um contencioso tributário.
A Petrobras e a Procuradoria-Geral da Fazenda chegaram a um acordo em junho para dar fim ao processo, com um desconto de 65% do valor do passivo original, de R$ 44,79 bilhões. O litígio se refere à tributação de remessas ao exterior para afretamento de embarcações. Segundo a Petrobras, as empresas parceiras têm responsabilidade sobre 13% do valor total do contencioso. As empresas que aceitaram o acordo correspondem a 11% do valor.
Além da Petrobras, a Embraer (EMBR3) foi outro destaque negativo, com queda de 7,12%, apesar dos anúncios sobre novas encomendas da companhia. O Ministério da Defesa da Holanda assinou contrato nesta segunda para a encomenda de nove aeronaves militares C-390 Millienium. O valor do acordo não foi divulgado.
Entre as altas, destaque para o Carrefour Brasil (CFRB3), que subiu 4,58%, diante da expectativa sobre o balanço do segundo trimestre, divulgado depois do fechamento.
Na agenda do dia, o governo divulgou novas projeções sobre o resultado fiscal de 2024, em um anúncio que era aguardado por investidores diante das preocupações sobre o equilíbrio das contas públicas. A previsão agora é de que o Brasil encerre 2024 com um déficit fiscal primário de R$ 28,8 bilhões, o equivalente a 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.
A previsão coloca o déficit primário, que exclui pagamentos de juros, no limite da faixa de tolerância estabelecida no arcabouço fiscal. O governo havia previsto anteriormente um déficit de R$ 14,5 bilhões para este ano.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na última quinta-feira que o governo congelará R$ 15 bilhões em gastos do orçamento deste ano para cumprir a faixa de tolerância que é observada de perto pelos investidores.
Também nesta segunda, o relatório Focus, do Banco Central, mostrou uma revisão para cima nas projeções para três indicadores econômicos: IPCA, PIB e dólar.
A expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 4,00% para 4,05%, após ter ficado inalterada na semana passada. Já as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) apontam agora para expansão de 2,15%, ante 2,11% no levantamento anterior.
Para 2025, a projeção dos economistas do BC é de crescimento de 1,93% da atividade brasileira.
No que tange às projeções para o câmbio, o Focus aponta para dólar a R$ 5,30, acima dos R$ 5,22 estimados na semana passada.
Estados Unidos
Em Nova York, os principais índices de ações fecharam em alta, se recuperando depois de uma queda na semana passada, à medida que os investidores avaliam os efeitos da saída de Joe Biden da campanha à reeleição de Joe Biden e se concentram no início da temporada de balanços do setor de tecnologia. A Tesla e a Alphabet, dona do Google, divulgam seus resultados na terça-feira.
Após liderar o rali das ações dos EUA durante a maior parte do ano, as ações das big techs atingiram uma barreira na semana passada. Os investidores reduziram as posições em empresas de altíssimo valor de mercado de alto desempenho para apostar em ativos mais arriscados e que não acompanharam as altas, de olho na expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve.
Enquanto isso, em Washington, a vice-presidente Kamala Harris consolidou o apoio de democratas para sua candidatura presidencial. Menos de 24 horas após a saída do presidente Joe Biden da disputa, Harris parecia ter um caminho livre para receber a indicação oficial do partido. Nenhum outro nome democrata de destaque disse que desafiaria a vice-presidente.
Ela recebeu o apoio das principais figuras do partido, incluindo governadores democratas que, seriam potenciais adversários, como Gavin Newsom, da Califórnia, JB Pritzker, de Illinois, e Gretchen Whitmer, de Michigan.
A ex-presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que ajudou a levar Biden a desistir da corrida eleitoral, declarou apoio a Harris nesta segunda-feira (22), juntando-se à onda democrata que apoia a candidatura da vice-presidente.
-- Com informações da Bloomberg News.
