Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) destoou dos mercados internacionais nesta quarta-feira (4) e encerrou em alta de 1,31%, aos 136.111 pontos, com os investidores reagindo a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vistas como mais favoráveis a uma revisão de despesas do governo.
Em entrevista à Globo News, o ministro disse concordar que é preciso fazer um debate sobre o crescimento das despesas obrigatórias, que podem tomar todo o espaço dos gastos discricionários no orçamento federal.
A regra do arcabouço fiscal define um limite para o crescimento real das despesas do governo, de no máximo 2,5%. Entretanto, as verbas para a saúde e a para a educação seguem outras regras próprias por lei que levam a uma expansão maior desses gastos. Segundo o ministro, já há um debate dentro do governo em busca de uma solução para essa questão.
O dólar se manteve perto da estabilidade e caía 0,06% ao final do pregão da B3, cotado a R$ 5,64. Durante o dia, a moeda americana variou de R$ 5,58 a R$ 5,66.
Entre os ativos, destaque para a Embraer (EMBR3), que fechou com alta de 5,79%, a R$ 49, 11, ficando entre as principais contribuições positivas em volume.
A fabricante de aeronaves informou que a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, adquiriu papéis da empresa e atingiu uma participação de 5,49% das ações ordinárias.
O Itaú Unibanco (ITUB4) avançou 0,70%, a R$ 37,24, e também foi uma das maiores influências positivas. Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) também tiveram ganhos.
A Vale (VALE3) e a Petrobras (PETR3; PETR4) tiveram um dia de recuperação, apesar do recuo das cotações do minério de ferro e do petróleo.
A mineradora subiu 0,78%, a R$ 56,99. Já os papéis preferenciais da Petrobras avançaram 0,03%, a R$ 38,54.
Já outras petroleiras tiveram quedas. A Prio (PRIO3) recuou 1,31% e foi a principal contribuição negativa em volume. A 3R (RRRP3) recuou 3,22% e ficou entre as maiores perdas.
Na agenda doméstica, a produção industrial brasileira caiu 1,4% em julho, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta manhã. O indicador veio pior que o esperado por economistas consultados pela Bloomberg, que previa, queda de 1,0% na comparação mensal, após alta de 4,1% na medição anterior.
Já no exterior, o destaque foi o relatório de empregos JOLTs. As vagas de emprego disponíveis nos EUA caíram em julho para o menor nível desde o início de 2021 e as demissões aumentaram, consistente com outros sinais de desaceleração na demanda por trabalhadores.
As posições disponíveis diminuíram para 7,67 milhões, em comparação com a leitura revisada para baixo de 7,91 milhões no mês anterior, conforme mostrou o relatório divulgado nesta quarta-feira. O número foi inferior a todas as estimativas em uma pesquisa da Bloomberg com economistas.
A queda nas vagas coincide com dados recentes que mostram que o mercado de trabalho está enfraquecendo, o que levantou preocupações entre os dirigentes do Federal Reserve. O crescimento do emprego está desacelerando, o desemprego está aumentando e os candidatos a emprego estão tendo mais dificuldade em encontrar trabalho, alimentando temores sobre uma possível recessão.
Os formuladores de políticas deixaram claro que não querem ver um arrefecimento adicional no mercado de trabalho e é amplamente esperado que comecem a reduzir as taxas de juros em sua próxima reunião, dentro de duas semanas.
-- Com informações da Bloomberg News
