Ibovespa fecha em alta após IPCA-15 abaixo do esperado; Vale, Bradesco, B3 e BRF sobem

Índice brasileiro teve alta generalizada das ações nesta terça depois de surpresa positiva do índice de inflação; balanço da BRF impulsiona ações

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Bloomberg Línea — A divulgação do IPCA-15 de fevereiro, que ficou abaixo do esperado por economistas do mercado financeiro, reacendeu os ânimos de investidores nesta terça-feira (27), levando a um ganho generalizado das ações. O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 1,61%, aos 131.689 pontos, destoando do desempenho mais ameno dos índices de Nova York. Já o dólar (USDBRL) caía 0,92%, a R$ 4,93, no final do pregão.

Em fevereiro, o IPCA-15 teve alta de 0,78%, acelerando dos 0,31% registrados em janeiro. No acumulado em 12 meses, o índice registrou alta de 4,49%, acima dos 4,47% observados até janeiro. Apesar da aceleração, o resultado veio abaixo do consenso de economistas consultados pela Bloomberg, que estimavam alta de 0,83% na comparação mensal e de 4,53% no acumulado em 12 meses.

Para analistas economistas, os novos dados de inflação não devem alterar a trajetória de corte da Selic pelo Banco Central (BC). “Consideramos o dado de hoje neutro em termos de política monetária — acreditamos que ela reforça a postura cautelosa do Copom”, afirmou Alexandre Maluf, economista do time de macro da XP.

Mais cedo, o Boletim Focus do Banco Central apontou uma queda na previsão da inflação para este ano. Segundo os economistas do BC, o IPCA deve fechar o ano em 3,80%, ante previsão de 3,82% na semana anterior.

No Ibovespa, os ganhos foram puxados principalmente pelo avanço de Bradesco (BBDC4) e B3 (B3SA3), além da Vale (VALE3). Os papéis da mineradora subiram com o aumento da cotação do minério de ferro. O preço da commodity subiu nesta terça com a expectativa de que o tombo recente já pode ter deixado o preço a um nível baixo o suficiente para estimular a produção de aço, às vésperas da alta temporada de construção na China.

Outro destaque foi a BRF (BRFS3), que subiu após a divulgação do balanço na véspera, que indicou a volta do lucro trimestral, após uma sequência de prejuízos. A maior produtora de aves do Brasil reportou lucros pela primeira vez em dois anos, à medida que cresce a demanda por proteínas de baixo custo. A empresa reportou lucro líquido de R$ 823 milhões no quarto trimestre, revertendo sete períodos consecutivos de perdas.

Os papéis do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) também avançaram e lideraram as maiores altas no dia depois de um tribunal europeu aprovar a reestruturação do grupo supermercadista Casino, da França, que controla a companhia no Brasil.

Na outra ponta, apenas nove ações do Ibovespa fecharam em queda, entre elas Petrobras (PETR3, PETR4), Prio (PRIO3), BTG Pactual (BPAC11), Cielo (CIEL3), Totvs (TOTS3) e Sabesp (SBSP3).

Enquanto isso, nos Estados Unidos, os índices de Nova York tiveram desempenho misto, enquanto os investidores aguarda a divulgação na quinta-feira do o Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE), medida preferida de inflação do Federal Reserve. O Dow Jones caiu, e o SP&500 e o Nasdaq subiram.

Investidores têm reduzidos as estimativas de o quanto o Federal Reserve ira reduzir os juros neste ano. Os traders não esperam mais que o Fed reduza as taxas em mais de 75 pontos base em 2024, alinhando sua visão com o que os diretores indicaram como o resultado mais provável.

A diretora do Fed, Michelle Bowman, disse que a inflação continuará a diminuir ainda mais com as taxas de juros mantidas em seu nível atual — mas disse que ainda é cedo demais para começar a cortar as taxas — juntando-se a uma série de autoridades que enfatizam que não têm pressa para reduzir os custos de empréstimos.

Os papéis de maior valorização foram:

  • Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) com 12,57%
  • BRF (BRFS3) com 8,14%
  • Dexco (DXCO3) com 7,65%

Já os de pior desempenho foram:

As ações mais negociadas foram:

  • Magazine Luiza (MGLU3) com R$ 108.806.000.
  • Hapvida (HAPV3) com R$ 72.202.600.
  • Bradesco (BBDC4) com R$ 45.546.800.

No ano, o Ibovespa acumula queda de 1,86% até o pregão de hoje.

--- Conteúdo elaborado com auxílio de dados automatizados da Bloomberg. Com informações da Bloomberg News e colaboração de Tamires Vitório e Mariana D’Ávila.

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