Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,85%, aos 128.294 pontos, nesta quinta-feira (11), depois da divulgação de dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos em junho, o que reforça as projeções de que o Federal Reserve começará a cortar as taxas de juros em setembro.
Em Nova York, o resultado levou a um reposicionamento nos mercados. Investidores elevaram as apostas em ativos de maior risco e reduziram a exposição às grandes empresas de tecnologia, o que fez as ações das companhias terem a maior queda em um ano.
Os índices Nasdaq e S&P500 – com maior peso das big techs – recuaram, enquanto o Dow Jones subiu, perto da estabilidade. Apesar da queda do S&P 500, 400 ativos do benchmark fecharam em alta. O Índice Russell 2000 – de empresas de menor valor de mercado – subiu 3,2%, sua melhor performance em relação ao S&P 500 desde março de 2020.
O dólar (USDBRL) subia 0,44% e era negociado a R$ 5,44 ao fim do pregão.
O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que desconsidera preços de itens mais voláteis como os de alimentos e energia, subiu 0,1% em junho na comparação mensal. A expectativa, segundo economistas consultados pela Bloomberg, era de avanço de 0,2% pelo segundo mês consecutivo.
Já o índice principal do CPI teve variação negativa de 0,1% no mês, após ficar estável (0,0%) em maio; em 12 meses avançou 3%. O consenso das estimativas apontava para altas de 0,1% e 3,1%, respectivamente.
O presidente da regional de St. Louis do Federal Reserve, Alberto Musalem, disse que dados recentes — incluindo os dados de preços ao consumidor divulgados na quinta-feira — sugerem que o banco central tem feito mais progressos em direção à meta de inflação de 2%, mas observou que são necessárias mais evidências.
Musalem descreveu o mercado de trabalho como “forte” e disse que o banco central tem tempo para avaliar mais dados antes de tomar uma decisão sobre o ajuste da política. Ele afirmou que a postura atual de política do Fed é “restritiva”, mas não excessivamente.
“O CPI em junho aponta para um avanço encorajador em direção à redução da inflação,” disse Musalem em um painel em Arkansas. “Buscarei mais evidências de que a inflação pode convergir para 2% daqui para frente.”
No Brasil, o sentimento positivo influenciou o mercado, e apenas 13 papéis registraram quedas. As ações da Petrobras (PETR3; PETR4), do Itaú Unibanco (ITUB4), da B3 (B3SA3) e do BTG Pactual (BPAC11) foram as principais influências positivas. Por outro lado, a Vale (VALE3) – ação de maior peso do Ibovespa – caiu.
Os papéis da TIM (TIMS3) e da Vivo (VIVT3) ficaram entre as maiores altas. Analistas do Morgan Stanley elevaram os papéis da Vivo para compra, citando a perspectiva de aumento do fluxo de caixa.
A aprovação na Câmara da primeira lei que regulamenta a reforma tributária também contribuiu para o sentimento positivo, assim como a divulgação de novos dados positivos do varejo.
As vendas no varejo restrito subiram 1,2% em maio em relação a abril. Na comparação anual, o crescimento foi de 8,1%, segundo os dados do IBGE divulgados nesta quinta.
O resultado ficou acima da expectativa de economistas. Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg apontava para um avanço de 4,4% na comparação anual, após alta de 2,2% na medição anterior, e para uma queda de 0,5% na base mensal.
Os dados sinalizam que o consumo tem se mantido forte mesmo em um contexto de Selic a dois dígitos, dificultando o trabalho do banco central em cortar juros na maior economia da América Latina.
Já o volume de vendas do varejo ampliado, que inclui veículos, construção e atacado de produtos alimentícios, subiu 0,8% no mês e 5% na comparação anual.
“Existia uma certa preocupação com o impacto que as chuvas no Rio Grande do Sul poderiam causar ao comércio. Mas os números de maio indicaram uma resiliência do setor, que deve contribuir significativamente para o crescimento da economia neste ano”, disse Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em comentário a clientes.
-- Com informações da Bloomberg News.