Ibovespa fecha em alta após aumento da gasolina pela Petrobras; Vale e bancos caem

Papéis da petroleira brasileira subiram depois que a empresa anunciou o primeiro reajuste do combustível em 11 meses; dólar subiu a R$ 5,47

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08 de Julho, 2024 | 06:00 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,22% nesta segunda-feira (8), aos 126.548 pontos, em uma sessão mista para ações ligadas a commodities. O dólar (USDBRL) subia 0,27% e operava a R$ 5,47 no fim do pregão.

Os investidores reagiram ao anúncio do aumento dos preços de combustíveis pela Petrobras (PETR3; PETR4). A estatal aumentou os preços da gasolina vendida às distribuidoras em 7,1% (ou R$ 0,20) para R$ 3,01 o litro, enquanto o gás liquefeito de petróleo (GLP) subiu R$ 3,10 para R$ 34,70 o botijão (aumento de 9,81%). O preço do diesel não foi alterado.

Foi a primeira vez em 11 meses que a estatal aumenta os preços da gasolina, e a primeira vez na gestão da nova CEO Magda Chambriard, refletindo o avanço da cotação do petróleo e a valorização do dólar nos últimos meses.

Os papéis preferenciais subiram 2,45% e foram a principal contribuição positiva para o Ibovespa.

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“O ajuste de hoje reafirma o compromisso da Petrobras em executar a estratégia comercial enquanto evita repassar a volatilidade para o consumidor”, disseram analistas do Itaú BBA liderados por Monique Greco em relatório a clientes.

O aumento, no entanto, pode pesar sobre a inflação e elevar a pressão sobre o Banco Central, que busca reduzir as expectativas sobre os aumentos de preços. Segundo economistas, o reajuste da Petrobras deve gerar uma alta de cerca de 0,20 ponto percentual na inflação deste ano.

Oo relatório Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda mostrou um novo aumento – o nono consecutivo – nas projeções para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desta vez de 4,00% para 4,02% em 2024. Para 2025, as estimativas também sofreram aumento, pela décima semana seguida, de 3,87% para 3,88%.

Os economistas consultados pelo BC revisaram para cima ainda suas expectativas para o crescimento da economia este ano. Agora, eles projetam uma expansão de 2,10% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, ante 2,09% anteriormente. Para o próximo ano, as projeções recuaram de 1,98% para crescimento de 1,97% da atividade brasileira.

As estimativas para os demais indicadores se mantiveram: câmbio de R$ 5,20 e Selic de 10,50% em dezembro.

Na outra ponta, as ações da Vale (VALE) recuaram, refletindo a queda dos preços do minério de ferro. A commodity ampliou seu recuo nesta segunda diante de sinais de oferta abundante e preocupações com a demanda chinesa. Os futuros chegaram a ser negociados abaixo de US$ 108 a tonelada em Singapura, depois de terem afundado 2,9% na sexta-feira (5), a maior queda diária desde o início de junho.

Os papéis da Suzano (SUZB3) também recuaram e ficaram entre as principais contribuições negativas.

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Os bancos tiveram um dia de perdas, com as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) perdendo 0,18%. O Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,65%, o Santander Brasil (SANB11) recuou 2,10% e o BTG Pactual (BPAC11) perdeu 0,55%. O Bradesco (BBDC4) fechou estável.

Mercados internacionais

Na cena externa, os mercados repercutem o resultado das eleições legislativas na França, que surpreenderem com a vitória do partido de esquerda Nova Frente Popular – embora este não tenha conseguido formar a maioria absoluta na Assembleia Nacional.

A falta de um vencedor claro nas eleições francesas gerou especulações de que é improvável haver grandes mudanças políticas em meio ao impasse político. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu aos colegas democratas que permanecerá na corrida presidencial.

Investidores também aguardam novos dados de inflação dos EUA e monitoram discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que participa de audiências no Congresso americano terça e quarta-feira.

Powell enfrentará pressão de legisladores que estão impacientes para que o Fed corte as taxas de juros e outros que estão insatisfeitos com seu plano mais recente para aumentar os requisitos de capital para os bancos de Wall Street.

Dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho, que serão divulgados na quinta-feira, serão um destaque. O chamado núcleo do CPI, que é visto como uma melhor medida da inflação subjacente, pode subir 0,2% pelo segundo mês consecutivo segundo estimativas de economistas.

As expectativas de inflação de curto prazo dos consumidores dos EUA caíram pelo segundo mês consecutivo, mostrou uma pesquisa do Fed Bank of New York.

-- Com informações da Bloomberg News. Atualizada para refletir as variações mais recentes.