Bloomberg Línea — O movimento do Ibovespa (IBOV) descolou do pessimismo do mercado americano nesta quinta-feira (13), com Wall Street novamente pressionada pela ameaça de uma guerra comercial sobre a economia dos Estados Unidos.
O principal índice da B3 subiu 1,43%, aos 125.637 pontos.
O dólar caiu 0,11% contra o real, cotado a R$ 5,801, também na contramão do desempenho da moeda no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas fortes, subiu 0,27%.
O movimento local veio apoiado no bom desempenho das ações locais. A Vale (VALE3), papel com maior peso no índice, subiu 1,38% acompanhando a alta do minério de ferro. A commodity avançou com sinais de que as siderúrgicas chinesas estão começando a aumentar a produção.
Outra ação de destaque do dia foi da B3 (B3SA3), que saltou 10,48% nesta quinta-feira após decisão favorável do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
O Conselho decidiu cancelar definitivamente o auto de infração de R$ 5,8 bilhões relacionado à amortização do ágio gerado na incorporação de ações da Bovespa Holding; não haverá impacto contábil.
No exterior, o clima negativo se mantém após Trump escalar novamente a ameaça tarifária. Em postagem em rede social, o presidente americano ameaçou impor uma tarifa de 200% sobre vinho, champanhe e outras bebidas alcoólicas da França e de outros países da União Europeia.
A medida seria uma retaliação ao imposto sobre as exportações de uísque americano imposto por Bruxelas. E essa medida, por sua vez, também visa retaliar as tarifas de aço e alumínio de Trump que entraram em vigor na última quarta-feira (12).
“Se esta tarifa não for removida imediatamente, os EUA em breve colocarão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos saindo da França e outros países representados pela UE”, escreveu Trump. “Isso será ótimo para os negócios de vinho e champanhe nos EUA.”
As ações de fabricantes europeus de bebidas alcoólicas caíram, com a LVMH, dona das casas de champanhe Moët & Chandon e Veuve Clicquot, recuando 1,1%.
A produtora de conhaque Remy Cointreau teve queda de 4,67% em suas ações, enquanto a fabricante de destilados Pernod Ricard recuou 3,97%.
Trump está “intensificando a guerra comercial que ele escolheu desencadear”, escreveu Laurent Saint-Martin, ministro do comércio da França, em um post no X. “Não cederemos às ameaças e sempre protegeremos nossas indústrias”.
Nos EUA, os índices de ações reagiram negativamente. O Dow Jones caiu 1,30%, o S&P500 teve baixa de 1,39% e o Nasdaq recuou 1,96%.
Os índices chegaram a ensaiar recuperação após novos dados de inflação, mas o conflito comercial trouxe as bolsas de volta para o negativo.
Nesta quinta-feira foi divulgado o índice de preços ao produtor americano (PPI, na sigla em inglês), que ficou estável em fevereiro.
A leitura, combinada a um índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) abaixo do esperado, dá força à ideia de que os cortes nas taxas de juros podem continuar nos EUA.
- Com informações da Bloomberg News.
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