Ibovespa cai ao menor nível em dois meses com temor fiscal; dólar sobe a R$ 5,59

Investidores reagiram a possíveis planos do governo de elevar a isenção do Imposto de Renda a R$ 5 mil; em Nova York, a sessão foi de recordes para os índices

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) estendeu as perdas e atingiu o menor nível de fechamento em dois meses, com os investidores reagindo a preocupações com a política fiscal e à divulgação do IPCA de setembro, que mostrou uma aceleração dos preços.

O principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 1,18%, aos 129.962 pontos, o menor patamar desde 8 de agosto. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a cair a 129.719 pontos, com o receio de que o governo estuda medidas para elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física a R$ 5.000, acima dos atuais R$ 2.824 (dois salários mínimos).

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, que cita fontes do governo não identificadas, uma das alternativas de compensação é a criação de um imposto mínimo sobre a renda de milionários. O aumento da isenção do IR é uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O fato é que quando se dá uma isenção é certo que o governo irá abrir mão de receitas, porém a compensação é sempre incerta”, disse Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset, à Bloomberg News.

O maior risco fiscal se refletiu no câmbio. O dólar subiu 1,07%, cotado a R$ 5,59. Os juros futuros médios e longos subiram. Os operadores agora precificam uma Selic de 13,25% em julho de 2025.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,44% em setembro, influenciado principalmente pelo aumento dos preços de energia no país, em um momento em que o Banco Central (BC) voltou a elevar a taxa de juros para fazer frente às expectativas de inflação elevadas.

Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses avançou para 4,42% em setembro, acima dos 4,24% registrados até agosto. O dado está acima da meta do Banco Central de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No ano, a inflação acumulada é de 3,31%.

A Bloomberg Economics previa alta de 0,45% em relação ao mês anterior e de 4,44% em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre os ativos, a Vale (VALE3) caiu 0,26% e foi a principal contribuição negativa em volume, seguida da Petrobras (PETR3; PETR4). A ação preferencial da petroleira recuou 1,01%, enquanto a ordinária perdeu 0,78%.

O setor financeiro também puxou o Ibovespa para baixo. O Itaú Unibanco (ITUB4) teve queda de 1,84% e o Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 2,04%. A B3 (B3SA3) caiu 0,19%. Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) também recuaram.

Na ponta positiva, a Usiminas (USIM5) subiu 4,49% e liderou entre as maiores altas. Analistas do Morgan Stanley elevaram a recomendação do papel de neutro para compra, mencionando o potencial de melhorias operacionais com a nova gestão da companhia.

Estados Unidos

Em Nova York, os índices de ações atingiram novos recordes históricos, enquanto investidores se preparam para a divulgação de dados importantes de inflação dos Estados Unidos. Os títulos do Tesouro recuaram, enquanto o dólar registrou sua sequência de ganhos mais longa em mais de dois anos.

Na véspera da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de setembro, o S&P 500 se aproximou de 5.800 pontos. O índice atingiu seu 44º recorde em 2024, com ações de tecnologia mais uma vez liderando a alta.

Os mercados mal reagiram após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, que mostrou que os dirigentes tiveram alguma resistência em relação ao corte de meio ponto percentual na taxa de juros em setembro, e alguns preferiam uma redução menor.

O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos aumentou cinco pontos-base, para 4,06%. O Bloomberg Dollar Spot Index subiu 0,4% — marcando a oitava sessão consecutiva de alta. O petróleo se manteve estável, à medida que os estoques de petróleo dos EUA aumentaram e os traders monitoraram os planos fiscais da China.

A expectativa de economistas é que inflação nos EUA provavelmente perdeu força no final do terceiro trimestre, tranquilizando o Fed, que está mudando seu foco de política para proteger o mercado de trabalho. As projeções indicam que o índice de preços ao consumidor (CPI) deve subir 0,1% em setembro.

-- Com informações de Bloomberg News.