Ibiuna diz que vê Brasil como oportunidade ‘tática’ e menos construtiva

Gestora de Mario Torós e Rodrigo Azevedo espera a reação do Congresso aos projetos que aumentam a receita da União para só então reforçar investimentos expostos ao país

Prédio do Congresso Nacional, em Brasília
Por Felipe Saturnino
05 de Setembro, 2023 | 04:37 PM

Bloomberg — A Ibiuna Investimentos, uma das principais gestoras de recursos independentes do Brasil, disse que as incertezas sobre as metas fiscais afetam a confiança em relação ao novo arcabouço e que vê os ativos do país como uma “oportunidade tática”, em contraste a uma potencial alocação estruturalmente mais construtiva a médio prazo.

O regime fiscal “fixa aumentos expressivos de despesas públicas, mas conta com projeções exageradamente otimistas de arrecadação no Orçamento e projetos de maior taxação enviados ao Congresso em agosto”, disse a Ibiuna em sua mais recente carta de gestão.

“Abriu-se assim a perspectiva de que a meta do novo arcabouço fiscal seja relaxada em seu primeiro ano de vigência, obviamente comprometendo a credibilidade de todo o novo regime fiscal como âncora da trajetória de estabilização da dívida pública”, segundo a gestora que tem Mário Torós e Rodrigo Azevedo, ex-diretores do Banco Central, como sócios à frente dos fundos macro.

O resultado foi um aumento dos prêmios de risco, o que impactou negativamente o mercado acionário, as taxas de inflação implícita — embutidas nos títulos do governo e que expressam a diferença entre juros nominais e reais — e o nível do dólar, afirmou a gestora.

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“A fragilidade dos fundamentos locais evidenciada por essa discussão exemplifica por que vemos os ativos do país mais como um trade tático e oportunista”, disse.

Espera resposta do Legislativo

A Ibiuna, que tem mais de R$ 34 bilhões em ativos sob gestão, disse que observa a resposta do Congresso para avaliar se a situação representa um “ponto de virada” na visão mais construtiva que os mercados atribuíram ao país no fim do primeiro semestre.

“Por ora, seguimos com posições menores, mas ainda construtivas no país, diante dos prêmios de risco precificados ao final do mês”, segundo a carta da gestora.

No Brasil, a Ibiuna tem apostas que se beneficiam da queda dos juros nominais e reais.

No exterior, a gestora concentra o risco em posições que ganham com a redução de juros em países emergentes com maior perspectiva de queda das taxas ou precificação de início de ciclos de relaxamento monetário no segundo semestre.

Em moedas, foram reduzidas as posições vendidas em dólar — que se beneficiam do enfraquecimento da moeda americana — e compradas em divisas como o peso mexicano e o real.

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