Hora de cautela? Verde, de Stuhlberger, vê oportunidades em ações e dívida

Em junho, o multimercado Verde FIC FIM se beneficiou do cenário para a bolsa e teve ganhos de 1,62%, ante variação de 1,07% do CDI; ‘vemos sinais de volta do apetite ao risco’

Luis Stuhlberger (Verde Asset)
10 de Julho, 2023 | 05:15 PM

Bloomberg Línea — O mercado de capitais brasileiro, tanto em ações quanto em dívida, reabriu de maneira importante e trouxe “oportunidades interessantes” de alocação em junho, escreveu a Verde Asset em carta enviada aos cotistas e divulgada nesta segunda-feira (10).

As posições em ações no Brasil, inclusive, voltaram a beneficiar o fundo Verde FIC FIM no último mês, contribuindo para os ganhos de 1,62%, ante variação de 1,07% do CDI no período.

Além de um ambiente externo mais favorável, que contrariou as expectativas do mercado financeiro, uma cena doméstica “com inflação cadente, reduzido nível de ruído político e manutenção da meta de inflação em 3% para 2026″ contribuiu para maior apetite ao risco.

O Ibovespa (IBOV), por exemplo, encerrou junho com ganhos de 9%, em seu melhor mês desde novembro de 2020, quando foram aprovadas as vacinas contra a covid-19.

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A avaliação da renomada gestora de Luis Stuhlberger é a de que os sinais apontam cada vez mais para um início de ciclo de corte de juros em agosto.

“Começamos a ver sinais muito incipientes de mudança de comportamento dos investidores na direção de ativos de maior risco, e acreditamos que à medida que o juro cair tal fenômeno deve se intensificar.”

Na carta enviada aos cotistas e referente ao mês de junho, a Verde Asset cita alguns dos motivos para a forte alta das bolsas globais no mês passado – mesmo diante de um cenário mais hawkish (favorável a juros mais altos) no exterior.

A gestora destaca uma lucratividade das empresas melhor que o temido, uma economia americana mais resiliente, arrefecimento da pressão de custo e o boom da inteligência artificial (IA), empurrando os múltiplos para cima e criando um “círculo virtuoso”.

“Nossa suspeita é que taxas de juro reais de mais de 2,00% nos Estados Unidos representam um nível suficientemente apertado para atrapalhar a performance dos ativos de risco, dados os preços atuais”, escreveu o time de gestão.

Alocação

Para julho, o fundo voltou a ter uma exposição pequena vendida (aposta na queda) em bolsa global, mantendo alocação relevante no mercado brasileiro.

O multimercado tem posição comprada (aposta na alta) em inflação implícita no Brasil e tomada (que ganha com a alta das taxas) em juros na parte curta da curva.

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Foi reduzida, contudo, a posição comprada em inflação nos EUA, com fatia aplicada no juro real americano, à espera da queda nas taxas.

As posições em crédito high yield (de maior risco) global e local também foram mantidas.

Desempenho no ano

No acumulado do ano, o multimercado Verde FIC FIM, carro-chefe da casa, sobe 4,91%, ante um benchmark de 6,50%.

Segundo a Verde, os principais ganhos no mês passado vieram das posições em ações no Brasil, em operações de juros nos Estados Unidos e Europa, no livro de crédito e na posição de inflação implícita americana.

Já as perdas vieram do hedge (proteção) em inflação implícita no Brasil, das posições de commodities, especialmente ouro, bolsa global e juros no Japão.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.