Hartnett, do BofA, vê S&P 500 mais volátil após Fed adotar tom ‘hawkish’

Índice teve a pior semana em mais de três meses depois que o banco central dos EUA disse que as preocupações com a inflação estavam de volta ao foco, sinalizando menos cortes nas taxas de juros

Índice teve a pior semana em mais de três meses após mudança de tom do banco central dos EUA
Por Julien Ponthus
24 de Dezembro, 2024 | 10:39 AM

Bloomberg — A virada mais hawkish do Federal Reserve, combinada com o sentimento de alta excessiva entre os investidores em ações, fez com que o apetite pelo risco ficasse “subitamente instável”, de acordo com o estrategista do Bank of America Michael Hartnett.

O S&P 500 teve a pior semana em mais de três meses depois que o banco central dos EUA disse que as preocupações com a inflação estavam de volta ao foco, sinalizando menos cortes nas taxas de juros do que o previsto para o próximo ano.

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Antes da reunião do Fed, as alocações para as ações dos EUA haviam atingido um recorde, e as reservas de caixa haviam caído tanto que desencadearam um sinal de venda para as ações, de acordo com a pesquisa mensal dos administradores de fundos do BofA, publicada no início desta semana.

Em uma nota no final da quinta-feira (19), Hartnett escreveu que a amplitude das ações globais continuava “terrível”, o que significa que um grupo relativamente pequeno de ações com melhor desempenho deve “continuar ganhando” para mascarar qualquer correção em curso sob a superfície. Isso é mais bem ilustrado pelo S&P 500 Equal Weighted Index, que caiu mais de 7% desde o recorde registrado no final de novembro, enquanto o próprio S&P 500 caiu menos de 3% no mesmo período.

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Hartnett disse que um fundo negociado em bolsa que acompanha as ações do setor bancário dos EUA, o SPDR S&P Bank ETF, precisa se manter próximo das máximas de 2022 para evitar que o sentimento dos investidores se deteriore antes da posse de Donald Trump, em 20 de janeiro. O estrategista já havia dito anteriormente que os investidores deveriam começar a colocar mais dinheiro em ações fora dos EUA, como China e Europa, antes de Trump assumir o cargo.

A advertência do estrategista chega perto do final de um ano forte para as ações dos EUA. De acordo com o BofA, elas estão no caminho certo para registrar entradas recordes em 2024, com o S&P 500 subindo 23% após um ganho de tamanho semelhante em 2023.

O otimismo impulsionado por uma economia americana resiliente, desenvolvimentos de inteligência artificial e taxas em queda elevou as ações, mas agora há dúvidas sobre se a recuperação pode continuar após o tom hawkish do Fed no início desta semana.

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Enquanto os fundos de títulos tiveram sua primeira saída em 52 semanas, de US$ 6 bilhões, os investidores estavam investindo em ações na semana até quarta-feira. Os fundos de ações globais obtiveram a maior entrada de todos os tempos, de quase US$ 69 bilhões, e os fundos de ações dos EUA também atraíram adições recordes, de US$ 82 bilhões, de acordo com dados da EPFR Global citados pelo BofA.

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Houve "entradas diárias anormalmente grandes em todos os fundos do S&P 500 nesta quarta-feira, possivelmente relacionadas ao rebalanceamento trimestral que ocorrerá em 23 de dezembro", disse Hartnett.

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O rebalanceamento dos índices de referência, incluindo o S&P 500, coincide com o "triple-witching" trimestral de sexta-feira, que verá a expiração de US$ 6,5 trilhões em opções vinculadas a ações individuais, índices e fundos negociados em bolsa. Os volumes de ações normalmente aumentam durante a expiração das opções, que tem a reputação de causar movimentos repentinos de preços à medida que os contratos desaparecem e os traders renovam suas posições existentes ou iniciam novas posições.

--Com a colaboração de Michael Msika.

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