Goldman Sachs: traders ajudam a compensar perdas em real estate e M&As no 3º tri

Balanço do banco americano incluiu a oitava queda trimestral consecutiva no lucro e um ROE de 7,1%, bem abaixo da meta estabelecida pelo Goldman

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Bloomberg — O Goldman Sachs (GS) reportou uma receita de trading que superou as estimativas dos analistas, enquanto um segundo trimestre consecutivo de baixas em investimentos em real estate reduziu o lucro.

Investimentos em propriedades resultaram em uma perda de US$ 212 milhões no book de ações da empresa e outras baixas de US$ 358 milhões contribuíram para uma queda de 34% no lucro por ação. A receita de negociação ficou praticamente inalterada em relação ao ano anterior, enquanto os analistas esperavam uma queda de 13%.

A força nas negociações se destacou em um trimestre com atividade bancária lenta e dúvidas sobre uma retomada de novos negócios. Os banqueiros de investimento estavam ansiosos para sinalizar que o setor atingiu o poço e que esperam um retorno à normalidade em 2024.

Os primeiros sinais de melhoria nos mercados de capitais têm demorado a se concretizar devido à incerteza política em Washington, ao risco de aumento das taxas de juros e aos conflitos ao redor do mundo.

David Solomon, CEO do Goldman Sachs, disse em um comunicado que espera “uma contínua recuperação nos mercados de capitais e na atividade estratégica, se as condições permanecerem favoráveis”, acrescentando que “como líder em consultoria de fusões e aquisições (M&A) e emissão de ações, uma ressurgência na atividade, sem dúvida, será um impulso para o Goldman Sachs.”

Os resultados do Goldman incluíram a oitava queda trimestral consecutiva no lucro e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) da empresa de 7,1% permanece bem abaixo da meta que a empresa estabeleceu para si mesma.

Solomon tem buscado reviver as ações do banco depois de recuar de uma expansão bancária voltada para o consumidor e focar os esforços em negócios principais.

As ações do Goldman caíram mais de 25% desde sua máxima histórica no final de 2021 e agora estão a caminho de um segundo declínio anual consecutivo. Os papéis eram negociados em leve queda de 0,12%, a US$ 314, por volta das 10h (horário de Brasília), antes da abertura dos mercados em Nova York.

Na semana passada, o Goldman fechou um acordo para vender sua unidade GreenSky a menos da metade do valor que havia atribuído à plataforma de empréstimo a prestações menos de dois anos atrás.

O banco registrou uma baixa contábil de US$ 504 milhões relacionada à venda no segundo trimestre e sofreu um impacto adicional de cerca de US$ 65 milhões no trimestre passado.

Um consórcio de empresas de investimento liderado pela Sixth Street Partners adquiriu a GreenSky do Goldman.

Os traders de renda fixa geraram US$ 3,38 bilhões, muito acima das estimativas dos analistas, mas ainda assim uma queda de 6% em relação ao ano anterior. O setor de ações registrou uma receita de US$ 2,96 bilhões, um aumento de 8% em comparação com o ano anterior.

O braço de trading havia se beneficiado de mercados voláteis durante a pandemia e da agitação causada pela invasão da Rússia na Ucrânia. Desde então, contudo, vem apresentando números mais baixos.

A receita do banco de investimento foi de US$ 1,56 bilhão em comparação com a estimativa média dos analistas de US$ 1,54 bilhão. Já a receita de subscrição de ações e títulos subiu em relação ao ano anterior, mesmo com as taxas de assessoria deprimidas.

O Goldman liderou um grande número de ofertas públicas iniciais (IPOs) no mês passado, alimentando esperanças de um ressurgimento no mercado na atividade de negociação. No entanto, os executivos passaram a adotar um tom mais cauteloso sobre quando os mercados deverão voltar a um ritmo mais normal.

O banco encontrou um papel no acordo bilionário de $60 bilhões entre a Exxon Mobil Corp. e a Pioneer Natural Resources Co., a maior fusão anunciada até agora neste ano.

O braço de gestão de ativos e wealth do Goldman gerou uma receita de US$ 3,23 bilhões, um aumento de 6% em relação ao trimestre anterior.

Em agosto, o Goldman fechou um acordo para vender seu negócio de consultoria de investimentos para a Creative Planning. O movimento sinalizou o desejo do banco americano de direcionar sua atenção para o segmento dos ultra-ricos, onde tradicionalmente tem sido forte.

A empresa também reformulou a liderança de seu negócio de banco de transações em setembro devido a problemas de conformidade. Foi mais um golpe para uma das incursões mais recentes da empresa, com um produto de gestão de caixa (liquidez) lançado sob a liderança de Solomon em sua busca por fontes de receita mais diversificadas.

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