Gol fecha acordo para reestruturar dívida e sair da recuperação judicial nos EUA

Segundo o plano apresentado, o principal credor da companhia aérea, o Abra Group, assume o controle da empresa, extinguindo cerca de US$ 2,5 bi em dívidas e outras obrigações

Plano de reestruturação oferece um caminho para que a Gol deixe a proteção contra credores com uma dívida substancialmente menor (Foto: Leonardo Carrato/Bloomberg)
Por Jonathan Randles
06 de Novembro, 2024 | 02:10 PM

Bloomberg — A Gol fechou um amplo acordo de reestruturação que fará com que seu principal credor, o Abra Group, assuma o controle da companhia aérea e tire a empresa no próximo ano do Chapter 11, dispositivo da legislação americana semelhante à recuperação judicial.

O acordo, anunciado na quarta-feira (6), extinguirá cerca de US$ 2,5 bilhões em dívidas e outras obrigações. A Gol disse que espera arrecadar até US$ 1,85 bilhão em financiamento de saída do Chapter 11. O montante será usado para pagar uma instalação existente e financiar a saída da companhia aérea da recuperação judicial.

A Gol pretende apresentar a proposta a um tribunal de Nova York que supervisiona sua reestruturação até o final do ano e, atualmente, tem como meta sair do Chapter 11 em abril.

O Abra Group, que é o maior credor garantido da Gol e o investidor majoritário da companhia aérea colombiana Avianca, concordou em trocar pelo menos US$ 950 milhões em dívidas por ações da companhia aérea brasileira na nova estrutura. A Gol disse em um comunicado que o Abra também concordou em receber US$ 850 milhões em novas dívidas.

PUBLICIDADE

A reestruturação proposta também tem o apoio de um comitê que representa os credores sem garantia da Gol, disse a companhia aérea.

Leia também: Maior acionista da Gol negocia empréstimo de US$ 1,3 bi com gestora Castlelake

O plano de reestruturação, que deve ser aprovado por um juiz, oferece um caminho para que a Gol deixe a proteção contra credores com uma dívida substancialmente menor.

A empresa, que entrou com o pedido de proteção no Chapter 11 em janeiro, é uma das maiores companhias aéreas da América do Sul, mas tem enfrentado dificuldades com os passivos financeiros decorrentes da queda nas viagens durante a pandemia, dívidas substanciais e a alta taxa de juros do Brasil.

As ações da Gol caíram mais de 87% no acumulado do ano, despencando depois que a empresa entrou com pedido de recuperação judicial no início do ano.

“A Gol deve emergir de seu processo de Chapter 11 com uma posição de liquidez dramaticamente melhorada e um balanço desalavancado com um custo unitário muito competitivo e uma rede forte”, disse o CEO do Grupo Abra, Adrian Neuhauser, no comunicado.

O acordo foi anunciado semanas depois que a Gol disse que estava perto de resolver questões importantes em sua recuperação judicial com os principais credores e estava se preparando para levantar capital de saída nos próximos meses. A Gol deve comparecer ao tribunal de falências de Nova York ainda nesta quarta-feira.

PUBLICIDADE

O caso é GOL Linhas Aéreas Inteligentes SA, 24-10118, Tribunal de Falências dos EUA, Distrito Sul de Nova York (Manhattan).

-- Com a colaboração de Giovanna Bellotti Azevedo.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Gol diz que acionista controlador iniciou conversas com a Azul sobre ‘oportunidades’