Gestores reduzem otimismo com Ibovespa e veem dólar mais forte, diz BofA

Pesquisa do banco americano mostra ainda que gestores da América Latina esperam uma taxa Selic terminal mais alta, entre 9,25 e 9,50% ao ano

Bolsa brasileira: 28% veem o Ibovespa negociado acima dos 140 mil pontos no fim do ano, segundo pesquisa
17 de Abril, 2024 | 02:04 PM

Bloomberg Línea — Dados que mostram uma economia resiliente nos Estados Unidos e sinalizações de que os juros continuarão elevados por mais tempo no país têm pesado sobre o sentimento dos investidores com relação ao desempenho do câmbio e do Ibovespa (IBOV) no Brasil.

Pesquisa do Bank of America (BAC) com gestores da América Latina mostra que as expectativas estão agora menos otimistas com o rumo da bolsa brasileira este ano, enquanto mais participantes veem o dólar mais fortalecido ante o real do que anteriormente.

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Segundo o levantamento, 28% dos entrevistados veem o Ibovespa negociado acima dos 140 mil pontos no fim do ano, abaixo dos 36% em março. O patamar implicaria potencial de valorização (upside) de 12,6% ante o fechamento de terça-feira (16).

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Para o câmbio, subiu de menos de 10% para cerca de 30% o percentual de gestores que projetam um dólar entre R$ 5,11 e R$ 5,40 em dezembro. A maior parte dos entrevistados pelo BofA, contudo, segue vendo uma moeda entre R$ 4,81 e R$ 5,10.

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O dólar disparou nos últimos dias, impulsionado por tensões geopolíticas, perspectivas de juros mais altos nos EUA e preocupações com o cenário fiscal no Brasil. A divisa americana chegou a se aproximar ontem dos R$ 5,30, saindo do patamar de R$ 5 que manteve por meses.

Com relação aos juros, as maiores apostas recaem sobre uma taxa Selic entre 9,25% e 9,50% ao ano no fim do ciclo. As estimativas estão acima dos 8,50% projetados pelos economistas consultados pelo relatório Focus, do Banco Central.

Em um contexto de cautela global com juros e dólar mais forte, os investidores têm revisado suas projeções de cortes da Selic e o mercado vê agora maiores chances de o BC interromper os cortes de juros já em junho.

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América Latina

Dentre os principais riscos externos para os mercados da América Latina, os gestores citam juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos e o cenário para a China e as commodities.

A pesquisa do BofA destaca ainda que 34% planejam ampliar a alocação em ações nos próximos seis meses, em linha com a média histórica.

As maiores posições overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra) estão nos setores financeiro, industrial e de utilities.

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Os investidores também estão otimistas com as commodities, com 25% afirmando que elas deverão ter forte desempenho no próximo semestre.

“Nossa visão é cautelosa para o minério de ferro, mas estamos construtivos com outros metais (como cobre e alumínio), bem celulose e petróleo”, escrevem no relatório os analistas do BofA liderados por David Beker.

Com relação ao câmbio, quase 50% veem o dólar mais fortalecido, ante cerca de 25% no levantamento de março.

O BofA entrevistou 32 gestores que somam cerca de US$ 70 bilhões em ativos sob administração para a edição de abril da pesquisa Latam Fund Manager Survey.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.