Gestores dobram apostas em Ibovespa acima dos 130 mil pontos, aponta pesquisa

Pesquisa mensal do Bank of America revela visão de cenário mais construtivo no momento em que o Banco Central iniciou um esperado ciclo de corte de juros

B3
15 de Agosto, 2023 | 04:46 PM

Bloomberg Línea — Gestores estão ainda mais otimistas com o mercado de ações brasileiro neste momento de início de queda dos juros, segundo revelou a nova edição da pesquisa mensal do Bank of America (BAC) com profissionais da América Latina, divulgada nesta terça-feira (15).

O levantamento mostra que quase o dobro de gestores entrevistados (41%) em relação a julho (23%) projeta o Ibovespa (IBOV) acima dos 130 mil pontos no fim do ano. O resultado implica um upside (potencial de alta) de 11,3% ante o fechamento de segunda-feira (14), aos 116.809,55 pontos.

O percentual de entrevistados que vê o índice negociado acima dos 120 mil pontos em dezembro deste ano também aumentou, de 76% em julho para 88% neste mês. Embora o índice tenha recuado nos últimos dez pregões, ele vinha sendo negociado acima deste patamar desde julho.

Mas, por mais que os grandes investidores já vejam maior potencial para ganhos na bolsa, a avaliação é a de que a categoria de pessoa física só deve voltar para a renda variável quando a Selic, atualmente em 13,25%, cair para 10% ao ano.

PUBLICIDADE

No início deste mês, o Banco Central reduziu a taxa Selic pela primeira vez em três anos.

Fonte: Latam Fund Manager Survey do Bank of America

A maior parte dos entrevistados pelo BofA diz prever que a taxa básica encerre o ano de 2023 entre 11,75% e 12,00% ao ano, em linha com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetaria (Copom) que sinalizou cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões. O relatório Focus, do Banco Central, mais recente aponta para juros de 11,75% ao ano em dezembro.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), 50% dos consultados disseram esperam um crescimento entre 1% e 2% neste ano, enquanto 47% veem uma expansão acima de 2%.

Cresceram também as apostas para um câmbio valorizado versus pesquisas anteriores, com a maior parte prevendo que a moeda americana será negociada na faixa entre R$ 4,81 e R$ 5,10 no fim do ano.

América Latina

Na América Latina, no entanto, 38% dos gestores consultados disseram que pretendem ampliar a alocação em ações nos próximos seis meses, abaixo dos 50% no levantamento anterior, de julho.

Os investidores estão mais cautelosos: 41% afirmaram que têm adotado mais proteções contra as quedas no mercado acionário, acima da média histórica da pesquisa do banco americano.

O maior risco para a região são as altas taxas de juros nos Estados Unidos e o cenário econômico da China – e o consequente peso que uma desaceleração da maior economia asiática e a segunda maior do mundo representa para as cotações de commodities, destacou a pesquisa.

PUBLICIDADE

Diferentemente do mês anterior, a maior parte dos gestores não vê os estímulos atuais à economia da China como suficientes para elevar os preços das commodities.

As maiores posições overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra) estão nos setores financeiro e de consumo discricionário. Por outro lado, materiais e bens de consumo estão entre as maiores posições underweight (abaixo da média do mercado, equivalente a venda).

A pesquisa “Latam Fund Manager Survey” de agosto do BofA contou com a participação de 32 gestores de recursos que somam cerca de US$ 112,5 bilhões em ativos sob gestão.

Leia também

A estratégia da família Randon para reposicionar o grupo de olho na sucessão

Saída repentina de Ferreira Junior como CEO da Eletrobras intriga investidores

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.