Futuros nos EUA operam em queda à espera de balanços da Meta e da Microsoft

“Há um problema para as big tech, e o mercado provavelmente começará a se concentrar nisso com a temporada de balanços”, disse Christopher Wood, chefe global de estratégia de ações da Jefferies, à Bloomberg TV

Ações globais ampliam perdas com tarifaço de Trump e aversão a riscos |
30 de Abril, 2025 | 06:51 AM

Bloomberg — Os futuros dos EUA operam em baixa nesta quarta-feira (30), refletindo o impacto das tarifas sobre os resultados corporativos e a cautela dos investidores antes da divulgação de indicadores econômicos no país.

O índice europeu Stoxx 600 subiu 0,2%, com as ações do UBS Group em alta após o lucro líquido superar as estimativas, impulsionado por ganhos com negociações em mercados voláteis.

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O Societe Generale avançou 5%, também beneficiado por um salto nas negociações de ações. Papéis do setor automotivo subiram com a suspensão temporária de tarifas.

Nos EUA, uma sequência de seis pregões em alta parece prestes a ser interrompida, com os contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 em leve baixa.

A Super Micro Computer caiu 15% no after-market, antes da divulgação de resultados de gigantes de tecnologia como Microsoft e Meta Platforms. Os Treasuries de 10 anos estabilizaram após seis dias de valorização, com o rendimento em 4,16%. O ouro recuou.

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Os investidores têm se mantido cautelosamente otimistas — o Nasdaq 100 está perto de apagar todas as perdas acumuladas em abril — após reviravoltas nas políticas tarifárias e especulações de que o Federal Reserve pode cortar os juros para evitar uma recessão.

No entanto, a tese otimista em torno das big techs, que impulsionou um avanço de 23% no S&P 500 no ano passado, começa a ser colocada em xeque.

“Mesmo que você desconsidere o desfecho da história tarifária, acho que há um problema para as big tech, e o mercado provavelmente começará a se concentrar nisso com a temporada de balanços”, disse Christopher Wood, chefe global de estratégia de ações da Jefferies, à Bloomberg TV.

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“Ainda temos a questão do enorme volume de capex sendo gasto pelas big tech. Elas estão exagerando nessa história da IA.”

Quatro das chamadas “Sete Magníficas”: a Microsoft, a Apple, a Meta e a Amazon divulgam seus balanços nesta semana.

Analistas projetam que o grupo, que também inclui a Alphabet (controladora do Google), Tesla e Nvidia registre um crescimento médio de 15% nos lucros em 2025, uma estimativa que pouco mudou desde o início de março, apesar da escalada das tensões comerciais.

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Outros indicadores da saúde econômica dos EUA estão no radar, com dados de inflação e PIB previstos para esta quarta-feira, o que pode oferecer um retrato da atividade antes de o presidente Donald Trump anunciar tarifas específicas por país em 2 de abril.

Segundo projeções da Bloomberg Economics, o crescimento do PIB real dos EUA provavelmente desacelerou para quase zero no primeiro trimestre, diante das perturbações causadas pelas mudanças na política de Trump.

Na mais recente mudança de estratégia comercial, o presidente assinou uma ordem executiva que atenua o impacto das tarifas sobre veículos, evitando que os encargos sobre carros importados se acumulem com outras tarifas e reduzindo taxas sobre peças do exterior usadas na fabricação doméstica.

A notícia impulsionou o sentimento em relação aos papéis automotivos europeus nesta quarta-feira, com Mercedes-Benz Group e Stellantis em alta, mesmo após retirarem suas projeções para o ano, citando incertezas com as barreiras comerciais.

A Volkswagen também subiu, mesmo após reportar uma queda de 40% no lucro.

A Snap caiu nas negociações pós-mercado após se recusar a fornecer projeção de vendas para o trimestre atual, citando “ventos contrários” macroeconômicos que afetam seu negócio de publicidade.

Os resultados preliminares da Super Micro Computer vieram abaixo das estimativas dos analistas. A Starbucks, por sua vez, reportou vendas que caíram um pouco mais do que o esperado.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de quarta-feira (30 de abril):

– Trump cede à pressão. O presidente dos EUA assinou duas medidas que reduzem o impacto de suas tarifas sobre a indústria automotiva, após semanas de intenso lobby e alertas de que cobranças excessivas poderiam encarecer os veículos, forçar o fechamento de fábricas e causar demissões.

- Disputa em direção autônoma. A Toyota firmou uma parceria com a Waymo, unidade de direção autônoma da Alphabet, em uma iniciativa que pode fortalecer os esforços da montadora japonesa para alcançar a tecnologia de ponta oferecida por rivais como a Tesla e a BYD.

- Santander supera projeções. O banco reportou lucro líquido de € 3,4 bilhões no primeiro trimestre, acima da previsão dos analistas. O resultado foi favorecido pela decisão de diluir a carga tributária ao longo do ano: o banco pagou € 87 milhões em impostos no período, bem abaixo dos € 335 milhões de um ano antes.

Ações globais 30/04/25
🔘 As bolsas ontem (29/04): Dow Jones Industrials (+0,75%), S&P 500 (+0,58%), Nasdaq Composite (+0,55%), Stoxx 600 (+0,36%), Ibovespa (+0,06%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.