Futuros em NY e ações europeias sobem após isenção de tarifas sobre eletrônicos

“A boa notícia da semana passada é que Trump tem um limite e que os mercados de ações podem impor alguns às suas políticas”, disse Aneeka Gupta, chefe de pesquisa macroeconômica da Wisdom Tree UK

Ações globais ampliam perdas com tarifaço de Trump e aversão a riscos |
14 de Abril, 2025 | 06:42 AM

Bloomberg — As ações globais operam em alta nesta segunda-feira (14) após o presidente Donald Trump ter suspendido tarifas de importação sobre uma série de eletrônicos, o que impulsionou o sentimento de alívio entre os investidores.

O índice Stoxx 600 da Europa subiu mais de 2%, enquanto os futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 avançaram pelo menos 1,5%. As ações da Apple saltaram até 6,4% nas negociações pré-mercado.

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Os movimentos ocorreram depois que Trump suspendeu algumas tarifas sobre tecnologia, embora tenha indicado que uma tarifa específica será anunciada no devido tempo.

As tarifas comerciais continuam dominando os mercados. A suspensão das tarifas sobre bens como smartphones e laptops — a maioria fabricada na China — oferece um alívio temporário para os mercados abalados pelas mudanças frequentes de Trump em relação à política comercial.

A volatilidade mostra poucos sinais de desaceleração enquanto Trump tenta reescrever as regras do comércio global, que ele afirma não serem favoráveis aos EUA.

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“Eletrônicos de consumo representam uma das maiores fatias das importações totais da China para os EUA e isso reduzirá consideravelmente o impacto sobre empresas como a Apple”, disse Derek Halpenny, do MUFG.

“Mas isso dificilmente ajudará a restaurar a confiança dos investidores, e a angústia dos mercados na semana passada com relação à confiança no mercado de títulos do Tesouro dos EUA e no dólar provavelmente continuará.”

O índice Bloomberg Dollar Spot caiu pelo quinto dia seguido, atingindo os níveis mais baixos desde outubro, em meio à preocupação de que a confusão em torno da política tarifária da administração Trump afaste os traders dos ativos norte-americanos.

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O ouro, tradicional porto seguro, bateu recorde. Os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram na maioria dos casos.

O alívio de última hora na sexta-feira — que isenta uma gama de eletrônicos populares das tarifas de 145% sobre a China e de uma taxa fixa de 10% ao redor do mundo — é temporário e parte de um plano de longo prazo para aplicar uma tarifa diferente e específica ao setor, segundo a Casa Branca.

Ainda assim, a pausa nas tarifas indica uma disposição de Trump em ceder para um acordo, de acordo com alguns analistas.

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“A boa notícia da semana passada é que Trump tem um limite e que os mercados de ações podem impor alguns limites às suas políticas”, disse Aneeka Gupta, chefe de pesquisa macroeconômica da Wisdom Tree UK.

“Isso deve se tornar mais evidente na segunda metade do ano, forçando Trump a recuar em relação a novas tarifas. Ainda estamos no início do ciclo; há um longo caminho pela frente na batalha tarifária.”

Enquanto o dólar enfrentava dificuldades, o otimismo com o iene se espalhava entre fundos hedge e gestores de ativos, já que as tarifas dos EUA impulsionavam a demanda por ativos de refúgio no momento em que os traders reavaliam o caminho de aumento de juros do Banco do Japão.

O iene valorizou até 0,9%, alcançando níveis vistos pela última vez em setembro.

Enquanto isso, o euro emerge como o principal beneficiário da fraqueza do dólar, à medida que os investidores reavaliam o papel da moeda americana no sistema financeiro global. A moeda comum da Europa subiu 0,3% na segunda-feira, somando-se ao seu rali mais rápido em uma década e meia.

“Algumas pessoas acreditam que o Estado de Direito está sendo degradado nos EUA e que seu investimento não é tão seguro no país”, disse Michael Kelly, chefe de ativos múltiplos globais da PineBridge Investments.

“Isso pode, a longo prazo, reduzir a disposição de investir nos EUA.”

Em outras commodities, o petróleo se estabilizou enquanto os traders avaliavam as últimas medidas dos EUA. O Goldman Sachs Group afirmou que o mercado global de petróleo enfrentará “grandes excedentes” este ano e no próximo, à medida que a guerra comercial pesa sobre a demanda.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de segunda-feira (14 de abril):

- Excesso de oferta. O mercado global de petróleo enfrentará “grandes excedentes” este ano e no próximo, à medida que a guerra comercial pesa sobre o crescimento da demanda pela commodity bruta e a Opep+ reduz as restrições de oferta, segundo estimativas dos analistas do Goldman Sachs.

- China atualiza diretrizes. O gigante asiático permitirá a construção de usinas termelétricas a carvão pelo menos até 2027, de acordo com novas diretrizes do governo, que também pedem que os geradores de energia consigam suprir as lacunas deixadas pelas fontes renováveis intermitentes.

- Eleição no Equador. O candidato Daniel Noboa foi reeleito presidente do Equador neste domingo. No entanto, a candidata socialista da oposição, Luisa González, não aceitou a vitória e exigiu uma recontagem dos votos. Noboa foi um dos três presidentes latinos a comparecer à posse de Trump.

Mercados globais 14/04/25
🔘 As bolsas na sexta-feira (11/04): Dow Jones Industrials (+1,56%), S&P 500 (+1,81%), Nasdaq Composite (+2,06%), Stoxx 600 (-0,10%), Ibovespa (+1,05%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.