Ford vê demanda fraca e corta fabricação de picapes F-150 elétricas

Montadora americana planeja reduzir a operação de fábrica da caminhonete elétrica para apenas um turno, o que deve afetar 1.400 trabalhadores

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Bloomberg — A Ford anunciou que reduzirá o número de trabalhadores na produção de sua caminhonete F-150 Lightning, à medida que a demanda por veículos elétricos enfraquece.

Cerca de 1.400 funcionários serão afetados pela decisão, e a fábrica Rouge Electric Vehicle Center passará a operar em apenas um turno a partir de 1º de abril. A montadora americana informou a decisão em um comunicado nesta sexta-feira (19).

A empresa afirmou que espera um crescimento contínuo nas vendas globais de veículos elétricos em 2024, embora seja menor do que o previsto. No mês passado, a Bloomberg informou que a Ford cortaria pela metade as metas de produção para o F-150 elétrico neste ano.

Em sinal de que a demanda por veículos tradicionais a gasolina permanece forte, a Ford também anunciou que contratará quase 900 novos funcionários e realocará 700 trabalhadores no Complexo Rouge para um terceiro turno em sua linha de montagem no Michigan. Isso permitirá à montadora aumentar a produção dos utilitários esportivos Bronco e Bronco Raptor, bem como das picapes Ranger e Ranger Raptor.

As ações da Ford caíram 0,8%, para US$ 10,90, às 9h38 de sexta-feira em Nova York.

A Ford afirmou que equilibrará a produção para atender à demanda dos clientes, e o CEO Jim Farley disse que a empresa ainda vê “um futuro brilhante” para os veículos elétricos para “clientes específicos”.

Os consumidores nos Estados Unidos diminuíram suas compras de veículos elétricos, hesitando devido aos preços elevados e à infraestrutura de recarga ainda irregular no país.

A Ford respondeu cortando repetidamente a produção do F-150 Lightning, seu veículo elétrico emblemático, e do Mustang Mach-E, fabricado no México.

A montadora também reduziu pela metade o tamanho de uma fábrica de baterias que está construindo em Michigan e adiou os planos para uma planta de baterias em Kentucky, enquanto posterga US$ 12 bilhões em gastos planejados com veículos elétricos.

“Está bastante claro que houve uma desaceleração na adoção de veículos elétricos”, disse David Lefkowitz, chefe de ações de consumo da UBS Global Wealth Management, em entrevista à Bloomberg Television na sexta-feira. “Estamos chegando à parte do mercado onde pode exigir um pouco mais de esforço para penetrar.”

A UBS previu um crescimento nas vendas de apenas 11% no mercado de veículos elétricos nos EUA este ano, em comparação com 47% no ano passado e 60% em 2022.

No início desta semana, o analista da UBS, Joseph Spak, rebaixou sua classificação da Ford de “compra” para “manter”, devido a preocupações de que sua estratégia de veículos elétricos será lenta para se concretizar.

“Embora gostemos da visão e direção do CEO Farley para o futuro da Ford, acreditamos que pode levar alguns anos para que os benefícios desses planos se concretizem”, escreveu Spak em uma nota aos investidores.

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