Bloomberg Línea — Um dia depois da consagração de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos, os diretores do Federal Reserve (Fed) decidiram cortar a taxa de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano. A medida deu sequência à redução de 0,50 ponto percentual anunciada em setembro, a primeira em mais de quatro anos.
O corte foi alinhado ao esperado pela maior parte dos economistas do mercado financeiro. Os próprios diretores projetam mais um corte de 0,25 ponto neste ano, em dezembro, e mais 1 ponto de reduções em 2025, de acordo com a estimativa mediana divulgada em setembro no “dot plot”.
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O movimento ocorre no momento em que a inflação continua em uma tendência de desaceleração e o mercado de trabalho perde força.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira (7), o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) considera que os riscos para o cumprimento de suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados.
O documento apontou também que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido.
“Desde o início do ano, as condições do mercado de trabalho se amenizaram em geral, e a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa. A inflação avançou em direção ao objetivo de 2% do Comitê, mas ainda está ligeiramente elevada”, disse.
Ao considerar ajustes adicionais na faixa alvo da taxa de fundos federais, o Comitê disse ainda que avaliará cuidadosamente os dados recebidos, as perspectivas em evolução e o equilíbrio de riscos.
O comunicado diz ainda que o Comitê estaria preparado para ajustar a posição da política monetária, conforme necessário, caso surjam riscos que possam dificultar o alcance de seus objetivos.
Efeito Trump
Apesar de o comunicado não se referir à eleição, a vitória de Trump é vista como tendo o potencial de alterar o cálculo da política do Fed nos próximos meses.
Por um lado, as propostas políticas do presidente eleito podem gerar uma pressão sobre a economia e, por tabela, sobre os preços, o que pode exigir juros em patamares mais elevados.
Em sua campanha eleitoral, Trump prometeu aplicar tarifas de importação, deportar imigrantes e prorrogar o prazo dos cortes de impostos adotados em de 2017. Isso pode pressionar os preços e os salários e ampliar o déficit fiscal, o que complicaria o trabalho do Fed. Autoridades buscam reduzir a inflação para sua meta de 2% e, ao mesmo tempo, proteger o mercado de trabalho.
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Além disso, há dúvidas sobre a possibilidade de ele pressionar o banco central americano durante seu segundo mandato na Casa Branca, como já fez anteriormente.
O banco central poderia ficar sob um holofote político desconfortável caso Trump seguisse seu padrão anterior de atacar publicamente o presidente do Fed, Jerome Powell.