Fed mantém taxa de juros e projeções passam a apontar um corte em 2024

Gráfico de pontos das projeções trimestrais indica apenas um corte de 0,25 ponto em 2024, ante previsão de três cortes na estimativa anterior divulgada em março

The Marriner S. Eccles Federal Reserve building in Washington, DC.
12 de Junho, 2024 | 03:10 PM

Bloomberg Línea — Os diretores do Federal Reserve (Fed) decidiram manter as taxas de juros dos Estados Unidos inalteradas pela sétima reunião consecutiva nesta quarta-feira (12), no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano, como era esperado amplamente pelo mercado.

A novidade esteve no chamado “gráfico de pontos”, ou dot plot – referente às projeções do próprio banco central para as taxas do FOMC –, que passou a mostrar uma expectativa de um corte de 0,25 ponto percentual em 2024, abaixo da estimativa anterior de três cortes nas projeções trimestrais de março.

As autoridades monetárias do Fed agora veem que a taxa de juros para 2025 deve ser de 4,1%, na mediana, ante previsão anterior de 3,9%. Para o ano que vem, as projeções indicam quatro cortes, mais do que as três reduções previstas anteriormente.

Economistas consultados pela Bloomberg já esperavam que o Fed reduziria as projeções de cortes de juros, mas estavam divididos entre os que previam uma redução para dois cortes em 2024 (41% dos analistas consultados) e os que estimavam apenas um corte ou nenhum (outros 41%).

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Os índices de ações de Nova York, que operavam em alta durante a manhã após a divulgação de dados do núcleo de inflação abaixo do esperado, perderam força após a divulgação.

O S&P 500 subia 0,89% e o Nasdaq avançava 1,62% por volta das 15h05, no horário de Brasília, enquanto o Dow Jones, que acompanha os papéis considerados mais representativos da economia americana, oscilava com queda de 0,02%.

O Ibovespa (IBOV), que caía antes da divulgação diante de preocupações com o equilíbrio fiscal, manteve as perdas e operava com queda de 0,97% no mesmo horário.

Os diretores do Fed também publicaram novas previsões para a inflação, aumentando sua projeção para o núcleo da inflação de 2,6% em março para 2,8% em 2024. Para 2025, a projeção é agora de 2,3%, ante 2,2% anteriormente.

Eles mantiveram suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,1% para 2024. A estimativa da taxa de desemprego também foi mantida em 4% A taxa de desemprego subiu para 4% em maio.

Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), afirmou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica “continuou a se expandir em um ritmo sólido”.

“Os ganhos de empregos permaneceram fortes, e a taxa de desemprego se manteve baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas continua elevada. Nos últimos meses, houve um progresso modesto adicional em direção ao objetivo de 2 por cento de inflação do Comitê”, afirma o texto.

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“O Comitê não espera que seja apropriado reduzir a faixa-alvo até que tenha maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2 por cento”, diz o comunicado.

A decisão do Fomc desta quarta ocorre após a divulgação dos dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio, que mostrou uma desaceleração da inflação.

O núcleo do CPI, que desconsidera preços de itens mais voláteis como os de alimentos e energia, subiu 0,2% em maio na comparação mensal, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Departamento do Trabalho americano. O dado mostrou uma desaceleração da inflação na “margem”.

A mediana das projeções de economistas consultados pela Bloomberg apontava alta de 0,3% para o núcleo, em linha com o resultado em abril.

Na taxa anual, o núcleo subiu 3,4%, também abaixo da estimativa mediana de economistas consultados pela Bloomberg, que indicava desaceleração para 3,5%, versus 3,6% em abril. O número, no entanto, segue acima da meta de 2% perseguida pelo Fed.

Já o índice principal do CPI teve variação de 0,3% em maio, como havia sido registrado em abril; em 12 meses avançou 3,3%. O consenso da Bloomberg apontava altas de 0,1% e 3,4%, respectivamente.

O núcleo é uma das principais medidas acompanhadas pelo Federal Reserve (Fed) em sua decisão de política monetária. Isso porque fornece indicações mais precisas sobre a variação dos preços no país.

Os números, juntamente com a desaceleração do núcleo do CPI em abril, podem representar os estágios iniciais da retomada da tendência de queda da inflação. Mas os formuladores de políticas enfatizaram que precisariam ver vários meses de pressões de preços recuando antes de considerarem a redução das taxas de juros, especialmente depois que o último relatório de empregos, divulgado na sexta-feira, apontar um crescimento acima do esperado das vagas e reacender o debate sobre o nível de restrição da política monetária.

A inflação, de acordo com o PCE, a medida preferida do Fed, foi de 2,7% no acumulado de 12 meses até abril, e os economistas esperam um progresso relativamente pequeno em direção à meta de 2% do banco central na segunda metade do ano.

-- Com informações da Bloomberg News.