Bloomberg — Os formuladores de políticas monetárias do Federal Reserve estão prontos para aumentar as taxas de juros para o nível mais alto em 22 anos, mantendo uma postura de aperto que sinaliza a possibilidade de um movimento adicional mais tarde no ano.
Espera-se que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) eleve as taxas em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5,25% a 5,5%, o 11º aumento desde o início de 2022. A decisão será divulgada às 15h (horário de Brasília) em Washington. O presidente Jerome Powell fará uma coletiva de imprensa 30 minutos depois.
Os investidores estarão atentos a pistas de Powell sobre o quão determinado o banco central está em aumentar as taxas novamente em 2023.
Com as pressões inflacionárias diminuindo no mês passado, os investidores veem a decisão desta quarta-feira (26) como quase certa, mas não esperam aumentos adicionais, enquanto o Fomc sinalizou em junho mais um aumento dos juros até o final do ano.
“Eles deixarão todas as opções em aberto”, disse Veronica Clark, economista do Citigroup (C). “Certamente, eles se manterão cautelosos após apenas alguns meses de dados de inflação mais fracos, o que não é suficiente para convencê-los de que o trabalho está concluído.”
Um aumento em julho seguiria uma pausa de junho que teve como objetivo desacelerar o ritmo dos aumentos à medida que eles se aproximam de um nível considerado restritivo o suficiente para trazer a inflação de volta à meta de 2% ao longo do tempo.
Ainda assim, Powell e outros formuladores de políticas vão querer parecer resolutos para evitar recorrências de preços disparados.
“Eles querem evitar os erros das décadas de 1970 e 1980, quando tiraram o pé do freio prematuramente”, disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide Life Insurance.
Para Anna Wong, economista-chefe para EUA da Bloomberg Economics, com os dados econômicos recentes aparentemente fortalecendo as chances de um pouso suave, o Fomc não deve criar turbulências.
“Powell adotará uma abordagem de esperar para ver, sinalizando uma pausa na reunião de setembro – uma pausa que acreditamos que se transformará em uma pausa prolongada”, avalia.
Comunicado do Fomc
O comunicado provavelmente manterá seu guidance, que sugere possível “fortalecimento adicional da política”. Também é provável que continue a descrever o crescimento econômico como “modesto”, apesar dos dados na maioria das vezes positivos antes da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) nesta quinta-feira (27).
O comitê pode debater se deve ou não reconhecer o progresso recente na inflação ou simplesmente dizer que ela continua elevada.
Após o colapso de três bancos dos EUA, o comitê incluiu uma declaração de confiança na indústria bancária, descrevendo-a como “sólida e resiliente”.
Com as tensões diminuindo, o comitê pode debater se deve eliminar essa declaração, já que não é mais necessária, de acordo com economistas do Deutsche Bank.
Coletiva de imprensa
Powell será questionado na coletiva de imprensa se a previsão do Fomc no “dot plot” de junho no Resumo das Projeções Econômicas, que pedia outro aumento, ainda está intacta, à luz das notícias de inflação melhores do que o esperado em junho.
“A pergunta depois da reunião é: eles vão de novo?” disse Vincent Reinhart, economista-chefe da Dreyfus and Mellon, que passou mais de duas décadas trabalhando no Fed.
Powell também será questionado sobre sua avaliação da última leitura de preços ao consumidor, que mostrou a taxa anual de inflação caindo para 3%. Se ele está se inclinando para outra alta, pode querer minimizar a importância de um relatório favorável.
Embora Powell tenha dito que vê um caminho estreito para um pouso suave, a equipe do Fed previu uma recessão nos EUA, de acordo com atas de reuniões recentes do Fomc.
Com sinais recentes de uma economia resiliente, é provável que o presidente seja pressionado sobre sua visão e se a equipe ainda está no campo da recessão.
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