Bloomberg — A Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e seu colega chinês realizarão dois dias de conversas em San Francisco esta semana, um passo em direção a relações mais normais antes do aguardado encontro entre os líderes das duas maiores economias do mundo.
Yellen e o Vice-Premiê Chinês, He Lifeng - o principal oficial econômico da nação - se encontrarão nos dias 9 e 10 de novembro, informou o Departamento do Tesouro em um comunicado na segunda-feira. Isso acontece logo antes dos EUA sediarem uma semana de reuniões na cidade da Califórnia que reunirá líderes e ministros seniores de cerca de 21 economias da região do Pacífico, sob os auspícios do grupo de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (APEC).
As conversas entre Yellen e He se baseiam em uma série de visitas e anúncios entre os dois lados que buscaram restabelecer laços diplomáticos e retomar o diálogo sobre questões econômicas, em meio a tensões em questões que vão desde os controles de exportação dos EUA até o envolvimento militar chinês no Mar do Sul da China.
As viagens de Yellen e de outros funcionários dos EUA à China este ano, e a visita do mês passado do Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, a Washington, ajudaram a preparar o terreno para o esperado encontro entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping na próxima cúpula da APEC - a primeira discussão direta entre eles em um ano.
A política da administração Biden em relação à China tem como foco a defesa e a segurança nacional, enfatizando que os EUA não estão tentando frear o progresso econômico da China - uma mensagem que autoridades chinesas criticaram, dada a imposição de controles de exportação dos EUA no ano passado que visam privar a China de tecnologias-chave.
Embora a abordagem de Biden seja menos combativa do que as guerras comerciais da administração Trump, ela representa uma ruptura significativa em relação às duas décadas anteriores de relações econômicas mais abertas. Na verdade, a administração Biden manteve as tarifas de Trump sobre produtos chineses, e não há indicação de que elas serão relaxadas em breve.
Os EUA afirmaram que não buscam desvincular-se da China, embora estejam procurando “descentralizar” e diversificar, em parte fortalecendo os laços econômicos com aliados na região do Indo-Pacífico, uma estratégia que será um tema-chave para a administração Biden durante a próxima cúpula da APEC.
“Estabilizar” relações
A diplomacia visa “estabilizar ainda mais o relacionamento e progredir em questões-chave”, escreveu Yellen em um artigo de opinião publicado no Washington Post na segunda-feira.
“Não devemos cometer o erro de nos consumir tanto com nossa competição com a China a ponto de sermos definidos por ela”, disse ela no artigo.
Durante suas discussões nesta semana, Yellen e He falarão sobre desenvolvimentos econômicos e a perspectiva global, segundo um funcionário sênior do Tesouro em uma coletiva de imprensa. Eles também discutirão elementos de seu relacionamento econômico que afetam a segurança nacional dos EUA, bem como desafios globais, incluindo as mudanças climáticas e o endividamento.
A Secretária do Tesouro também levantará preocupações dos EUA sobre práticas chinesas, incluindo “barreiras ao acesso ao mercado e ações coercitivas contra empresas americanas na China”, de acordo com seu artigo de opinião.
Yellen visitou Pequim em julho, sua primeira viagem à China como secretária do Tesouro. Ela teve sua primeira reunião formal com He, que assumiu o cargo de vice-premiê no início deste ano.
Desde então, os dois lados intensificaram a comunicação em questões econômicas e financeiras, estabelecendo dois grupos de trabalho que se reuniram virtualmente em outubro.
Esse quadro é menos extenso do que os fóruns bilaterais do início deste século, quando as reuniões contavam com diversos membros do gabinete e abrangiam uma ampla gama de assuntos.
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