Bloomberg — Os investidores estrangeiros aumentaram as compras de ações brasileiras e marcaram em agosto o segundo mês consecutivo de entrada de recursos para o país, depois de um primeiro semestre de saídas expressivas.
No mês passado, estrangeiros adquiriram R$ 10 bilhões em papéis na bolsa brasileira, de acordo com dados da B3 (B3SA3), o maior número desde dezembro.
Mais do que um aumento da atratividade doméstica, o retorno desses investidores responde a uma busca por ativos de maior risco em emergentes diante da sinalização do Federal Reserve, o banco central dos EUA, de que cortará juros a partir da reunião de setembro.
“O catalisador primordial é o cenário lá fora”, disse Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Apenas na sessão marcada pelo discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, em que selou que “chegou a hora” de um corte de juros, R$ 1,34 bilhão de dinheiro estrangeiro entrou na bolsa brasileira.
Leia também: Por que o leilão de saneamento de Sergipe deve ser um dos mais disputados do país
Embora o ciclo de flexibilização do Fed prometa impulsionar o mercado de ações, a volatilidade recente do câmbio doméstico e a perspectiva de alta da Selic podem diminuir o apetite dos investidores por ativos locais.
“É difícil dizer por quanto tempo ainda durará o fluxo estrangeiro, mas o fato é que o cenário está mais favorável para os países emergentes, como o Brasil, após a sequência de dados mais brandos nos EUA”, disse Diego Carvalho, sócio e diretor de renda variável do Bahia Asset Management.
Além do sentimento positivo dos mercados globais, os analistas citam que o valor das empresas historicamente baratos frente à média histórica e um cenário corporativo sólido ajudam a bolsa local. O Ibovespa subiu 6,5% em agosto.
Para estender o fluxo positivo e os ganhos do índice “precisamos que os investidores globais tenham confiança no Brasil, o que requer, em parte, uma moeda estável”, diz Josh Rubin, gestor na Thornburg Investment Management.
“E precisamos que os investidores locais tenham mais interesse em ações, o que requer um ambiente de taxas de juros em queda”, completa.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
PIB do Brasil cresce 1,4% no segundo trimestre, acima do esperado pelo mercado
Taxa Selic subirá para 11,50% ao ano até o início de 2025, prevê JPMorgan
© 2024 Bloomberg L.P.