Embraer: o que explica os ganhos de mais de 40% das ações em 2024

Fabricante de aeronaves brasileira tem o melhor desempenho dentre as ações do Ibovespa este ano e analistas do mercado seguem otimistas

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Bloomberg — A entrada da Embraer (EMBR3) em um mercado dominado pela Boeing (BA) e pela Airbus (AIR) tem dado frutos nos mercados de ações, fazendo com que os papéis subam, impulsionados por um fluxo de novas encomendas na América do Norte, Europa e Ásia.

A fabricante de aeronaves com sede em São José dos Campos saltou cerca de 42% este ano, atingindo o maior valor desde 1997 e liderando os ganhos no Ibovespa (IBOV).

Suas ações negociadas nos Estados Unidos subiram quase 32% – mais que o dobro do avanço visto pelas ação da Airbus – enquanto a Boeing caiu 34% no período.

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“Tinha um duopólio de oferta entre a Boeing e Airbus, e a Embraer vem investindo há muito tempo para competir com essas duas e quebrar isso”, disse Priscila Araújo, gestora de recursos da O3 Capital.

A maior procura por jatos privados e aeronaves comerciais de menor dimensão após a pandemia ajudou a empresa a garantir novas encomendas no exterior, apoiando o seu desempenho, acrescentou ela.

Embora a fabricante de aviões brasileira até agora não tenha conquistado grandes encomendas, os mercados estão otimistas – o preço-alvo para a ação em 12 meses, que está em patamar recorde, implica ganhos adicionais de cerca de 17%, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A Airbus e a Boeing estão com seus modelos de fuselagem estreita mais populares esgotados até o final da década, criando uma oportunidade para a Embraer oferecer seus aviões maiores. A aeronave militar de transporte de tanques da empresa, o KC-390 Millennium, atraiu o interesse de nações da Europa e da Ásia, tornando-se uma exportação mais lucrativa.

Negócios com Índia e Arábia Saudita “vão alterar a dimensão da empresa” caso se confirmem, disse Pedro Martins da Ace Capital.

Embora a Embraer tenha reportado menos entregas do que o esperado no quarto trimestre, sua estimativa para 2024 – receita consolidada entre US$ 6 bilhões e US$ 6,4 bilhões e fortes entregas esperadas em seus segmentos de aviação comercial e executiva – fez as ações dispararem.

O JPMorgan (JPM) elevou seu preço-alvo para os ADRs citando uma perspectiva de crescimento “superior”.

“A Embraer está demonstrando uma resiliência que não era esperada e lucrando com o sucesso do KC-390 e também com a forte demanda do mercado de jatos particulares”, afirmou Daniela Da Costa-Bulthuis, gestora baseada em Rotterdam na Robeco Institutional Asset Management.

Desafios com a Boeing

A fabricante de aviões brasileira também se beneficia da comparação com a Boeing, que enfrenta uma miríade de problemas – que incluem desde o rigoroso escrutínio dos seus controles de qualidade até os reguladores que limitam os níveis de produção do seu avião 737 Max, investigações em curso por parte dos procuradores americanos e mudanças na gestão.

As consequências da fusão fracassada entre as duas fabricantes de aviões também poderiam trazer uma vantagem para a Embraer. Depois que o negócio desmoronou em 2020, em meio à pandemia, a empresa brasileira entrou com uma ação judicial por parte das perdas financeiras incorridas durante o processo.

Espera-se que o processo seja concluído no primeiro semestre do ano, potencialmente rendendo à Embraer um pagamento em dinheiro de até US$ 400 milhões, segundo o analista do JPMorgan, Marcelo Motta.

“Tem muita gente esperando por essa resolução e se o número vier positivo, todos ficam felizes”, disse Martins.

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