Em Wall Street, tempo para mercado liquidar uma ação volta a ser de um dia

Mudança que vale a partir desta terça-feira segue as novas regras da SEC; a última vez que as operações foram concluídas em um dia havia sido na década de 1920

Pedestres em frente à Bolsa de Nova York
Por Greg Ritchie
28 de Maio, 2024 | 01:39 PM

Bloomberg — O mercado de ações dos Estados Unidos voltou a ser tão rápido quanto era cem anos atrás. Essa foi a última vez que as negociações em Nova York foram liquidadas em apenas um dia, como volta a acontecer a partir desta terça-feira (28), de acordo com novas regras da SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA.

A mudança, que reduz pela metade o tempo necessário para concluir cada transação, também ocorreu no Canadá e no México na segunda-feira.

O sistema conhecido como T+1 — abandonado no passado porque ficou difícil lidar com volumes crescentes — tem como objetivo reduzir o risco no sistema financeiro.

Mas existem preocupações com possíveis problemas iniciais, como falhas e a dificuldade de os investidores internacionais em obter dólares a tempo, já que a liquidação das operações de câmbio costuma levar dois dias. E todos terão menos tempo para corrigir erros.

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A esperança é que tudo corra bem, mas até a SEC disse na semana passada que a transição pode levar a um “aumento de curto prazo nas falhas de liquidação e desafios para um pequeno segmento de participantes do mercado”.

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O setor financeiro vem se preparando há meses, realocando funcionários, ajustando turnos e reformulando fluxos de trabalho. Muitos dizem estar confiantes em sua própria preparação. A preocupação é se todos os outros pares e intermediários também estão prontos.

“Tem muita interdependência no setor e pode haver alguns problemas com players individuais”, disse Tom Price, diretor administrativo e chefe de tecnologia, operações e continuidade de negócios da Associação da Indústria de Valores Mobiliários e Mercados Financeiros dos EUA, conhecida como Sifma.

“Mas estou otimista com o fato de as empresas estarem aumentando o pessoal. Elas estão garantindo que as pessoas não estejam na praia durante o período de transição.”

Não é a primeira vez que Wall Street passa por uma transição deste tipo, mas os profissionais do setor dizem que será a mais desafiadora.

A era T+1 da década de 1920 terminou porque as transações eram manuais e isso tornou impossível acompanhar o aumento dos volumes. O prazo de liquidação acabou sendo estendido para cinco dias.

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Esse número foi reduzido para três após o crash de 1987, e depois para dois em 2017.

A redução para um único dia é diferente devido ao tamanho do mercado, à complexidade das transações internacionais e ao fato de os EUA deixarem muitos outros mercados para trás.

O novo sistema enfrentará dois grandes testes logo de início. Na quarta-feira, serão liquidadas tanto as operações desta terça quanto a última leva de dois dias da sexta, depois do feriado na segunda. E no fim de semana haverá o rebalanceamento de índices da MSCI, levando fundos do mundo todo que acompanham os índices a reorganizarem suas carteiras ao mesmo tempo.

“Estamos prontos”, disse Christos Ekonomidis, diretor do programa T+1 do BNY Mellon. “Sabemos que haverá alguns problemas com uma transição como esta, por isso é importante ter os recursos certos para resolvê-los rapidamente.”

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