Em Wall St, Nasdaq afunda mais de 2% e tem pior sessão desde dezembro de 2022

Selloff nos mercados globais acontece diante de preocupações do setor de tecnologia com restrições mais severas a empresas de chips chinesas

Traders em Wall Street
Por Rita Nazareth
17 de Julho, 2024 | 02:49 PM

Bloomberg — As ações dos Estados Unidos recuam em relação às suas máximas históricas, com a preocupação de que restrições mais rígidas dos EUA sobre as vendas de chips para a China ampliem um selloff no setor.

Dos EUA à Europa e à Ásia, as fabricantes de chips sofrem forte pressão. Uma baixa nas gigantes americanas como Nvidia (NVDA), Advanced Micro Devices e Broadcom fez com que o benchmark do setor caísse 5%.

Do outro lado do Atlântico, a ASML Holding caiu mais de 10%, mesmo depois de a gigante holandesa ter relatado um grande número de pedidos. Esses movimentos vieram após perdas na Tokyo Electron, que liderou uma queda no índice japonês Nikkei 225.

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O governo Biden disse aos aliados que está considerando restrições mais severas se empresas como a Tokyo Electron e a ASML continuarem dando à China acesso à tecnologia avançada de semicondutores.

Os EUA também estão avaliando sanções adicionais a empresas de chips chinesas específicas ligadas à Huawei.

“Essas notícias são um tipo de OVNI (ocorrência imprevista) que pode, de fato, criar o tipo de selloff para catalisar uma correção no mercado de ações”, disse Matt Maley, da Miller Tabak +.

Na verdade, o movimento das ações representa apenas um recuo após uma série de ganhos, alimentada por dados de inflação moderada e pelo otimismo de que o Federal Reserve cortará as taxas de juros.

Christopher Waller, membro do Fed, disse mais cedo hoje que a economia americana está se aproximando de um ponto em que o banco central poderá reduzir as taxas. Ele disse, contudo, que gostaria de ver “um pouco mais de evidência” de que a inflação está em uma trajetória descendente sustentada.

Por volta das 14h40 (horário de Brasília), o S&P 500 caía 1,3%, enquanto o Nasdaq 100 cedia 2,5%. Um indicador das “7 Magníficas” (grupo de empresas que inclui nomes como Apple e Microsoft) tinha baixa de 3,5%. Já o Russell 2000, de empresas de menor valor de mercado, caía 1%.

O “medidor de medo” de Wall Street – o VIX –, por sua vez, subiu para o nível mais alto desde o início de maio.

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O governo Biden está em uma posição tênue. As empresas dos EUA acham que as restrições às exportações para a China as puniram injustamente e estão pressionando por mudanças.

Os aliados, por sua vez, veem poucos motivos para mudar suas políticas a apenas alguns meses para a eleição presidencial.

“Normalmente, o impacto desses tipos de manchetes não é duradouro, mas, nesse caso, gostaríamos de observar que as empresas de semicondutores têm tido um desempenho inferior ao do mercado nas últimas semanas”, disseram os estrategistas do Bespoke Investment Group. “Portanto, isso é algo a ser observado.”

O desempenho inferior da tecnologia está ocorrendo após um primeiro semestre em que megacaps como Nvidia, Microsoft e Alphabet impulsionaram os ganhos no mercado, ampliando os valuations desses nomes e deixando-os com uma perspectiva mais desafiadora para o restante de 2024.

No Goldman Sachs, Scott Rubner diz: “Não estou comprando a queda”.

O estrategista aposta que o S&P 500 não tem para onde ir a partir de agora, a não ser para baixo. Isso porque esta quarta-feira (17) marcou um ponto de inflexão para os retornos do índice de referência de ações, disse ele, citando dados que remontam a 1928.

E o que se segue, segundo ele, é agosto – historicamente o pior mês do ano, com resgates de fundos e de ETFs de ações.

“Embora a rotação das big techs para as cíclicas e small caps seja encorajadora, parece um pouco forçada em um período de tempo tão curto”, disse Jonathan Krinsky, da BTIG.

“Mesmo que essa seja uma rotação mais duradoura, provavelmente não conseguiremos ver essa nova liderança até que vejamos uma correção de correlação mais alta.”

-- Com a colaboração de Cecile Gutscher e Sujata Rao.

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