Barcelona, Espanha — Com o feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, os investidores avaliam os efeitos das recentes medidas da China para animar o mercado imobiliário. O mercado acompanha a estabilização dos preços do petróleo, que tiveram na última semana a maior alta desde novembro, ante temores de que a OPEP+ restrinja ainda mais a oferta. As incertezas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed) persistem após os dados norte-americanos de trabalho e atividade na sexta-feira.
Apesar da baixa liquidez prevista devido ao feriado, os futuros de índices dos EUA operavam com ganhos, após a melhor semana do índice S&P 500 desde junho. Hoje, as bolsas no mercado à vista permanecerão fechadas nos EUA. As bolsas europeias também subiam e na Ásia, a maioria dos índices teve um fechamento positivo, com impulso das ações do setor imobiliário devido às medidas de estímulo para reforçar o setor.
“Há algum tempo que esperamos medidas mais significativas de resgate imobiliário para reforçar o sentimento e a confiança do consumidor”, disse o diretor de investimentos do UBS Global Wealth Management, Mark Haefele, à Bloomberg. “Isso agora parece estar se materializando de uma forma mais convincente.”
Além disso, a construtora chinesa Country Garden Holdings, que passa por dificuldades, conseguiu aprovação dos credores no fim de semana para estender o vencimento de um título em yuan.
Após o relatório de emprego dos EUA, os investidores avaliam que há espaço para uma pausa do aperto monetário neste mês, mas ainda há incerteza sobre outro aumento até o final do ano. O rendimento do título norte-americano para 10 anos operava estável em 4,186% às 05:23 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se apreciavam em relação ao dólar.
Em outros mercados, o ouro subia, e o bitcoin operava em queda, enquanto os contratos de petróleo WTI recuavam ligeiramente.
Após a alta da última semana, os participantes da conferência anual APPEC da S&P Global Commodity Insights, que acontece a partir de hoje em Cingapura e reúne os traders e executivos do setor de petróleo, tratarão sobre as perspectivas para os preços da commodity, a demanda pelo petróleo bruto na China, principal importador, e a longevidade dos cortes de oferta pela OPEP+. Os efeitos da guerra na Ucrânia, que já dura 18 meses, o aumento dos fluxos de petróleo iraniano e a transição dos combustíveis fósseis também serão temas do encontro.
→ O que move os mercados hoje
🔋 Nova investida no setor. Na acirrada corrida por lítio, a mineradora australiana de lítio Liontown Resources informou que está disposta a apoiar uma nova oferta de compra de US$4,3 bilhões da Albemarle (ALB), a maior produtora mundial de metal para baterias. A oferta em dinheiro foi ampliada em 20%, segundo a Liontown, que possui acordos de fornecimento com grandes montadoras, incluindo Tesla (TSLA) e Ford (FORD). As ações da mineradora saltaram +8,78% no mercado em Sydney.
🇨🇳 Venda de casas sobe. A venda de casas existentes em Pequim e Xangai dobraram no fim de semana em relação ao anterior, segundo a CGS-CIMB Securities, em resposta à flexibilização das hipotecas anunciada pela China na sexta-feira, que incluiu a redução de pagamento inicial. Projetos de novas casas também avançaram e no sábado foram vendidas 1.800 unidades em Pequim, mais da metade do total negociado em todo o mês de agosto.
🛣️ Corrida de EVs. A Mercedes-Benz ampliou sua aposta para desafiar Elon Musk e apresentou ao mercado o protótipo de seu sedã CLA, que pode percorrer mais de 750 quilômetros com uma única carga, superando o Modelo 3 da Tesla. (TSLA). O veículo, que deve entrar em produção até 2025, tem um sistema de bateria que pode adicionar 400 quilômetros de autonomia em apenas 15 minutos de carregamento.
💊 Volta atrás. A Nestlé desistiu de seu negócio de tratamento contra alergia a amendoim e vendeu a fábrica para a suíça Stallergenes Greer, depois de perder as esperanças no sucesso do tratamento Palforzia. A empresa não divulgou o valor da venda do negócio, que custou US$ 2,6 bilhões em 2020, quando foi adquirido.
👁️ Mercado confiante. Os investidores estão mais confiantes em uma aterrissagem suave da economia dos EUA e avaliam que a recuperação do mercado de ações deste ano é forte o bastante para resistir a um novo aumento dos rendimentos de títulos da dívida. Segundo levantamento do Markets Live Pulse, a maioria dos 331 investidores consultados espera que uma eventual baixa do índice S&P 500 seja menor do que 10% caso os rendimentos do bônus de 10 anos retomem alta e voltem a 4,5%. O índice, portanto, conseguiria preservar parte do ganho de 18% acumulado no ano.
🟢 As bolsas na sexta-feira (01/09): Dow Jones Industrials (+0,33%), S&P 500 (+0,18%), Nasdaq Composite (-0,02%), Stoxx 600 (-0,01%), Ibovespa (+1,86%)
Embora o relatório de emprego dos EUA tenha reforçado as esperanças de uma pausa na alta dos juros, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, reduziu o otimismo ao afirmar que o mercado de trabalho ainda está forte. Os investidores optaram pela cautela antes do fim de semana prolongado.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: EUA (o mercado à vista permanecerá fechado)
• Europa: Zona do Euro (Confiança do Investidor-Sentix/Set); Reino Unido (Vendas no Varejo-BRC/Ago); Alemanha (Balança Comercial/Jul); Espanha (Taxa de Desemprego)
• Ásia: China (PMI de Serviços Caixin/Ago, PMI Composto); Hong Kong (PMI Industrial/Ago); Japão (Gastos Domésticos/Jul)
• América Latina: Brasil (IPC-Fipe/Ago, Boletim Focus ); México (nvestimento Fixo Bruto/Jun)
• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (BCE) e Joachim Nagel (Bundesbank)
• Balanço: PIMCO
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