Em depoimento ao Congresso, Powell deve reforçar mensagem de que não há pressa

Presidente do Federal Reserve apresentará sua visão sobre a economia, a inflação e os rumos da política monetária na quarta na Câmara e no dia seguinte ao Senado dos EUA

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve: depoimento semestral ao Senado nesta semana que começa (Foto: Al Drago/Bloomberg)
Por Kate Davidson - Craig Stirling
03 de Março, 2024 | 04:10 PM

Bloomberg — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deverá reforçar sua mensagem de que não há pressa em cortar as taxas de juros, especialmente depois que os dados recentes de inflação mostraram que as pressões de preços persistem.

Powell se dirige nesta semana ao Capitólio, sede do Legislativo dos Estados Unidos, onde apresentará seu depoimento semestral sobre a política monetária a um comitê da Câmara na quarta-feira (6) e a um painel do Senado na quinta-feira (7).

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O chefe do banco central dos EUA e quase todos os seus colegas afirmaram nas últimas semanas que podem se dar ao luxo de serem pacientes ao decidir quando reduzir as taxas, dada a força subjacente na economia dos EUA.

“O perigo de agir muito cedo é que o trabalho [de combate à inflação] ainda não esteja totalmente concluído e que as leituras realmente boas que tivemos nos últimos seis meses, de alguma forma, não sejam um verdadeiro indicador sobre para onde a inflação está caminhando”, disse Powell em uma entrevista à CBS em 5 de fevereiro.

Essa abordagem cautelosa foi validada nas últimas semanas pelos dados que mostram que a inflação se acelerou em janeiro.

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Mas isso não deve satisfazer os democratas, que estão preocupados com a perspectiva de como o caminho das taxas pode afetar as eleições presidenciais de novembro e as eleições proporcionais legislativas. Eles devem pressionar o chefe do Fed sobre o motivo de as autoridades manterem os custos de empréstimos tão altos, arriscando danos à economia, quando já fizeram tanto progresso na inflação.

O destaque dos dados econômicos para a semana será o relatório mensal de empregos, o payroll, na sexta-feira (8).

Os economistas de mercado projetam um crescimento moderado na folha de pagamentos em fevereiro, para 200.000, após um aumento de 353.000 no mês anterior, o maior nível em um ano. A taxa de desemprego deve se manter em 3,7%, enquanto o crescimento dos salários por hora provavelmente esfriou.

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Na quarta, o Fed publicará o Livro Bege, a sua pesquisa com dados regionais de todo o país. Outros dados da semana que começa incluem pesquisas separadas de gerentes de compras de prestadores de serviços referentes a fevereiro, além de números sobre o saldo comercial de janeiro e as vagas de emprego.

O que a Bloomberg Economics diz

“Espera-se que Powell mantenha uma postura hawkish em seu depoimento semestral ao Congresso, sinalizando aos mercados que o Fed não está com pressa para reduzir as taxas. Se isso levar a condições financeiras mais restritas, aumentará a pressão sobre a economia e também a chance de impactos adicionais defasados ​​da política monetária.”

- Anna Wong, Stuart Paul, Eliza Winger e Estelle Ou

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Além disso, outros eventos políticos importantes, desde o Congresso Nacional do Povo da China até o orçamento do Reino Unido, atrairão a atenção de investidores nesta semana que começa, assim como as decisões de taxa na zona do euro e no Canadá, que devem permanecer sem alteração.

Economias que terão decisão de política monetária nesta semana que começa, na quarta e na quinta-feiras

- Com a colaboração de Paul Jackson, Vince Golle, Laura Dhillon Kane, Piotr Skolimowski, Paul Wallace, Monique Vanek e Robert Jameson.

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