Bloomberg — Um cenário de vitória do republicano Donald Trump nas eleições americanas deve levar a um dólar mais forte globalmente e um cenário mais inflacionário nos EUA, com consequente pressão sobre câmbio e juro brasileiros.
Enquanto isso, um aperto regulatório em eventual gestão da democrata Kamala Harris, com uma política fiscal mais expansionista, pode enfraquecer a moeda americana e gerar um “potencial de fluxos saindo dos EUA e migrando para ações globais e mercados emergentes”, dizem analistas Fernando Ferreira, Jennie Li, Felipe Veiga e Júlia Aquino, em relatório.
Com Trump, a XP acredita que o Brasil pode se beneficiar de um aumento na demanda por commodities agrícolas num ambiente de agravamento das tensões entre China e EUA.
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A proposta de tarifa global de 10% sobre todas as importações poderia impactar as vendas de petróleo bruto, aço semiacabado e café do Brasil para os EUA, enquanto tarifa de 60% sobre todas as importações chinesas teria um impacto limitado sobre os produtores de aço e mineradores brasileiro.
A XP também vê uma maior volatilidade sob Trump durante a definição de novas tarifas e possíveis sanções, e um menor preço do petróleo. Com isso, prevê um dólar mais forte e uma maior inflação nos EUA.
“O dólar forte contribuiria para uma deterioração da taxa de câmbio, gerando pressões inflacionárias domesticamente, elevando as taxas locais”, escreve Ferreira.
Sob Kamala, o cenário base é de manutenção do status quo e o Brasil poderia se beneficiar da vulnerabilidade americana no acesso a minerais críticos, componentes essenciais para a transição energética e que têm dominância chinesa.
“Nesse contexto, uma solução pode ser encontrada no Brasil, que tem o potencial de se tornar um fornecedor alternativo importante para a China”, diz o relatório.
Ainda em eventual governo democrata, os analistas preveem que a proposta de investimentos em infraestrutura, apoio a pequenas empresas e investimentos em saúde impulsionariam a economia e aumentariam o apetite por risco.
Além disso, com um aumento na supervisão regulatória prometido por Kamala e uma política fiscal expansionista para financiar os programas econômicos, o cenário de dólar enfraquecido e mais fluxo estrangeiro para ações globais e emergentes ganha força.
A XP analisou os últimos seis ciclos eleitorais americanos e concluiu contudo que, pelo lado do mercado acionário, “fatores idiossincráticos são os catalisadores durante as eleições, e que não há uma relação forte entre as eleições americanas e os retornos do Ibovespa”.
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