Dólar forte e yields altos nos EUA são desafios para os bancos centrais, diz El-Erian

Economista e investidor disse à Bloomberg TV que a probabilidade de o Fed aumentar os juros é baixa, mas não é zero

Por

Bloomberg — As autoridades monetárias em todo o mundo enfrentam dificuldades com a força do dólar e as taxas de juros elevadas nos Estados Unidos, segundo o economista e investidor Mohamed El-Erian.

“As autoridades em todo o mundo estão um pouco paralisadas, sem saber sobre como reagir a um fortalecimento generalizado do dólar” disse El-Erian, presidente do Queens’ College de Cambridge, ex-CEO da Pimco e colunista da Bloomberg Opinion.

“Como reagir a um aumento generalizado das taxas nos EUA?”, questionou. “Infelizmente, no passado, quando essas duas coisas iam longe demais, alguma coisa quebrava em outras partes do mundo”, acrescentou ele em entrevista à Bloomberg TV.

Leia mais: Dólar tem melhor desempenho em um ano com aposta em juros mais altos nos EUA

El-Erian disse que um dos principais exemplos de inação foi o enfraquecimento do câmbio no Japão para além da marca de 154 ienes por dólar, sem desencadear uma intervenção até agora.

O mercado reduz cada vez mais as expectativas de cortes de juros do Federal Reserve em meio a uma série de dados econômicos fortes nos EUA.

Na opinião de El-Erian, a economia global também se revelou resiliente. Os países que têm dívidas “insustentáveis” são os mais expostos ao impacto de condições financeiras mais restritivas, disse ele.

“Os motores do crescimento estão distribuídos de forma muito desigual pelo mundo neste momento”, disse ele. “Veremos muitas divergências, não apenas nas políticas, mas também nos resultados.”

El-Erian também disse que a probabilidade de o Fed aumentar juros – um movimento que os estrategistas do UBS chamaram de ‘risco real’ – é baixa, mas não é zero.

“Se a inflação piorar muito, eles poderão aumentar”, disse ele. “Mas se aumentarem, teremos uma crise bancária regional. Teremos todos os tipos de danos no mercado.”

--Com a colaboração de Lisa Abramowicz, Jonathan Ferro e Annmarie Hordern.

Veja mais em bloomberg.com