Bloomberg — O dólar se fortaleceu em relação a todos os seus pares nesta terça-feira (28), depois que novos comentários do presidente Donald Trump e de seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, realimentaram a preocupação com as tarifas comerciais generalizadas dos Estados Unidos.
O Bloomberg Dollar Spot Index subiu até 0,5% depois que Trump disse que considera aplicar tarifas universais “sobre tudo”, desde aço e cobre até semicondutores. O euro caiu até 0,7%, enquanto o iene perdeu quase 1%.
Os movimentos seguem semanas de idas e vindas sobre o escopo das possíveis tarifas: a Bloomberg News relatou no início do mês discussões dentro da equipe econômica de Trump sobre o aumento gradual das taxas.
Uma reportagem do Financial Times no fim do dia na segunda-feira (27) sugeriu que Bessent, o novo chefe do Departamento do Tesouro, apoia tarifas universais graduais a partir de 2,5%.
Posteriormente, Trump acrescentou que quer tarifas “muito maiores” do que 2,5% e sugeriu fortemente que poderia impor taxas específicas sobre automóveis do Canadá e do México - países que ele já ameaçou com tarifas gerais de 25% a partir de 1º de fevereiro.
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Seus comentários se seguiram a uma breve disputa comercial com a Colômbia, que já havia colocado o debate sobre comércio em primeiro plano nesta semana que começa.
"Isso aumenta a perspectiva de que as tarifas permanecerão por algum tempo, e que a ameaça de implementá-las é crível, o que dará suporte ao dólar", disse Nick Rees, chefe de pesquisa macro da Monex Europe.
Os títulos do Tesouro dos EUA caíram, reduzindo uma recuperação no dia anterior, que havia levado os rendimentos aos níveis mais baixos deste ano. O rendimento de 10 anos subiu três pontos-base, para 4,56%.
A recuperação do dólar ocorreu após um dia difícil para os mercados globais, depois que o progresso em um modelo chinês de IA, da DeepSeek, eliminou US$ 589 bilhões da capitalização de mercado da Nvidia (NVDA) e alimentou dúvidas sobre o excepcionalismo tecnológico dos EUA.
Inicialmente, as notícias pressionaram o dólar para baixo, com a visão de que dúvidas sobre a sustentabilidade do desempenho econômico superior dos EUA poderiam manchar o fascínio de seus ativos.
"Uma venda mais profunda das ações de tecnologia dos EUA apresenta riscos de queda para nossa perspectiva de um dólar americano mais forte, especialmente se for impulsionada por uma redução das expectativas de continuidade do excepcionalismo dos EUA", escreveu Lee Hardman, estrategista de câmbio do MUFG, em uma nota.
Investidores haviam acumulado posições de alta do dólar com base em apostas de que as políticas de Trump alimentariam as pressões sobre os preços e manteriam as taxas de juros dos EUA elevadas.
Mas estão surgem sinais de exaustão: traders recuaram de suas posições mais otimistas em relação ao dólar desde 2019 durante a semana até 21 de janeiro, de acordo com uma análise da Bloomberg de dados da Commodity Futures Trading Commission.
Ainda assim, a venda da moeda americana provou ser uma negociação dolorosa nos últimos meses. O dólar - que normalmente ganha com as expectativas tarifárias - avançou mais de 7% durante o último trimestre de 2024.
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“Isso apenas mostra como os desenvolvimentos são fluidos e a incerteza sobre o momento, a magnitude e o escopo [das tarifas comerciais de Trump] deve continuar a impulsionar as negociações de duas vias, especialmente após a ‘limpeza’ de algumas posições compradas em dólar na semana passada”, disse Christopher Wong, estrategista do Oversea-Chinese Banking Corp.
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