Dólar em alta: moedas do México e do Brasil lideram as perdas entre emergentes

Com investidores monitorando o rumo dos juros nos EUA e as preocupações fiscais e políticas na América Latina, expectativa é de que o dólar permaneça forte

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Bloomberg — O fortalecimento do dólar fez com que os ativos da América Latina entrassem em uma espiral de queda, com o real e o peso mexicano liderando as baixas entre as moedas dos países em desenvolvimento.

Um índice de moedas dos mercados emergentes caiu perto do nível mais baixo em dois meses, com os investidores migrando para a segurança do dólar antes da divulgação de dados importantes nos Estados Unidos nesta semana.

A expectativa é de que os números da inflação PCE, a serem publicados amanhã (28), possam fornecer pistas sobre a trajetória das taxas de juros na maior economia do mundo.

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Os pesos chileno e colombiano também sofreram baixas, enquanto um índice de ações da região afundou.

A incerteza entre os países levou os investidores a abandonar as moedas, que haviam atraído interesse nos meses anteriores em meio à relativa estabilidade e às altas taxas de juros.

A região passou “da mais amada para a mais odiada, pelo menos é o que mostram hoje dados de posicionamento e a menor liquidez”, disse Olga Yangol, chefe de estratégia e pesquisa de mercados emergentes do Credit Agricole em Nova York. “Esperamos uma fraqueza [dessas moedas] daqui para frente”.

A deterioração das situações fiscais em toda a região e um dólar resiliente devem pesar sobre os ativos, disse ela.

O exemplo mais recente de quão difícil a situação se tornou na América Latina veio na quarta-feira da Bolívia, onde o palácio presidencial foi invadido em uma aparente tentativa de golpe. Os títulos caíram, de acordo com os preços indicativos compilados pela Bloomberg.

No Brasil, as taxas de swap terminaram a quarta-feira (26) em baixa, apesar dos dados do IPCA-15 abaixo do esperado, sinalizando que os investidores estão apostando que o aumento dos gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva forçará o Banco Central a aumentar as taxas.

Os investidores estarão atentos à decisão sobre a taxa de juros do banco central do México nesta semana, a primeira desde que o partido de esquerda obteve a maioria no congresso e outro mandato presidencial.

Em seguida, eles se voltarão para a Colômbia, onde se espera que os formuladores de políticas monetárias mantenham a flexibilização em meio aos cortes de gastos do presidente Gustavo Petro.

“Durante as últimas semanas, a política monetária e a política interna dominaram o tom na América Latina”, disse Alejo Czerwonko, diretor de investimentos de Mercados Emergentes das Américas do UBS Global Wealth Management, em uma nota.

Também impulsionando o dólar está a divergência entre os formuladores de políticas e seus pares globais, da Europa ao Canadá, onde campanhas de flexibilização estão em andamento.

“O dólar permanecerá mais forte por mais tempo”, escreveu Alan Ruskin, do Deutsche Bank, em uma nota na terça-feira, acrescentando que a empresa favorece as moedas do Chile, Brasil e Índia.

A situação política na zona do euro também está assustando os tomadores de risco.

O partido de Marine Le Pen está em primeiro lugar nas pesquisas para as eleições parlamentares que começam neste domingo na França, alimentando a preocupação entre os investidores.

“As condições globais para a Europa Central e Oriental e todo o mercado de emergentes se deterioraram novamente ontem, piorando o quadro geral”, escreveram os estrategistas do ING Bank em uma nota.

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