Dólar dispara e passa de R$ 5,80 após eleição de Trump; governo reverte movimento

Políticas prometidas de aumento de tarifas comerciais e redução de impostos têm viés inflacionário e podem pressionar os juros americanos; moeda cai após Fernando Haddad sinalizar cortes de gastos

Moeda americana é um dos ativos mais impactados pelos resultados das eleições nos EUA
Por Bloomberg Línea
06 de Novembro, 2024 | 01:57 PM

Bloomberg Línea — O dólar chegou a subir perto de 2,00% em relação ao real na manhã desta quarta-feira (6) após a eleição de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos a partir de 2025.

Às 9h28, no horário de Brasília, a moeda norte-americana subia 1,56%, cotada a R$ 5,84. Segundo a Bloomberg, o dólar teve sua maior alta desde 2020 após o anúncio da vitória de Trump.

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Neste início de tarde, perto das 13h40, a moeda americana devolvia os ganhos e era negociada a R$ 5,71, com queda de 0,59%. A queda se deu após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer que já existe um entendimento no governo para o anúncio das medidas prometidas de corte de gastos.

De Londres a Xangai, investidores ao redor do mundo analisam os efeitos de longo alcance de uma presidência de Trump, que deve se traduzir em altas de tarifas sobre produtos importados, agravar as tensões comerciais com a China e aumentar a pressão sobre a Europa para intensificar os gastos com defesa.

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O peso mexicano teve a maior queda em três meses e o euro liderou as perdas entre as moedas do Grupo dos Dez (G10).

No Brasil, segundo José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos, a expectativa é que, com políticas protecionistas, o mandato de Trump tenha um viés inflacionário e os juros representados pelos títulos do governo com vencimento em 10 anos suba mais, o que deve desvalorizar ainda mais o real frente ao dólar.

“Para o Brasil, a alta na taxa de juros americana tira liquidez do mercado local. Isso aparece de duas formas, na desvalorização do real frente ao dólar, que indica uma cotação já próxima de R$ 6, e tem consequências para a alta de preços de produtos denominados em dólar com impactos para inflação”, disse.

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“Por outro lado, pressiona a curva de juros exigindo a manutenção do prêmio conhecido por Spread Over Treasury, prêmio de risco exigido pelo investidor ao deixar investimentos que rendem em moeda forte para obter ganhos em moedas locais como a brasileira”, explicou Cassiolato.

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O republicano foi eleito o 47º presidente dos Estados Unidos, com uma recuperação política em uma das disputas pela Casa Branca mais polarizadas da história do país.

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Trump, com 78 anos e cinco meses, triunfou em uma corrida sem precedentes, durante a qual foi condenado por crimes graves, sobreviveu a duas tentativas de assassinato e derrotou o desafio da vice-presidente Kamala Harris, que substituiu o impopular presidente Joe Biden nos últimos meses da campanha.

Ele foi eleito por um país profundamente dividido em questões como imigração, aborto e política externa, que ainda sofre os efeitos do maior aumento da inflação em quatro décadas.

Trump também ajudou os republicanos a recuperarem o controle do Senado, sublinhando sua capacidade de explorar o descontentamento dos eleitores.

-- Com informações de Bloomberg News.