Dólar atinge a maior cotação do ano após o Copom não sinalizar alta de juros

Cotação da moeda americana chegou a subir a R$ 5,74; investidores avaliam maior percepção de risco com as expectativas de inflação mais elevadas

Real é a moeda emergente com pior desempenho este ano, com queda de mais de 15% em relação ao dólar
Por Giovanna Bellotti Azevedo - Davison Santana
01 de Agosto, 2024 | 03:09 PM

Bloomeberg — A cotação do dólar (USDBRL) em relação ao real atingiu uma nova máxima no ano, depois que o Banco Central não sinalizou que pode aumentar as taxas de juros em sua próxima reunião, um movimento que já está precificado pelos mercados com a deterioração das perspectivas de inflação do Brasil.

O real se enfraqueceu em até 1,4% em relação ao dólar, liderando as perdas dos mercados emergentes em meio a um sentimento cada vez mais azedo em relação aos ativos de risco. Os contratos de juros com vencimento de curto prazo caíram, refletindo a menor chance de um aumento imediato da taxa de juros, enquanto a ponta longa da curva subiu, já que os investidores se ajustaram à maior percepção de risco.

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Por volta das 15h, a moeda americana era cotada a R$ 5,7238, depois de atingir R$ 5,7362 na máxima do dia.

O Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, manteve a taxa Selic inalterada em 10,5% na quarta-feira (31), conforme previsto pelos analistas.

Os diretores do BC ajustaram a linguagem do comunicado, dizendo agora que há riscos de inflação em ambas as direções, mas afirmaram que um real persistentemente mais fraco, previsões de custo de vida acima da meta e serviços resistentes estão alimentando a pressão sobre os preços.

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O comunicado que acompanhou a decisão “não foi tão hawkish quanto poderia ter sido, dada a deterioração das perspectivas de inflação e do balanço de riscos”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs.

A inflação superou todas as previsões no início de julho em meio a um cenário de combustíveis mais caros e um mercado de trabalho forte. Os investidores também continuam cautelosos em relação aos planos de gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e temem que a autoridade monetária se torne mais tolerante em relação à inflação depois que Lula nomear um novo presidente do BC e dois diretores este ano.

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A autoridade monetária “comprometeu-se a ser mais cautelosa, até mesmo mais vigilante, mas não deu nenhum sinal claro de que está contemplando uma reação mais forte”, escreveu Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em um relatório. “Esperamos que a taxa básica de juros permaneça inalterada até o final do ano, apesar das crescentes preocupações quanto ao fato de esse nível ser suficiente para promover a convergência.”

As preocupações com a inflação e o desequilíbrio fiscal no Brasil distorceram a curva de juros do país, levando os mercados a precificar aumentos nas taxas já em setembro, mesmo que os formuladores de política monetária não tenham dado nenhuma indicação de que planejam tal movimento.

Isso ajudou a tornar o real a moeda de mercado emergente com pior desempenho este ano, com queda de mais de 15% em relação ao dólar.

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O Brasil juntou-se a dois outros bancos centrais latino-americanos que mencionaram a inflação para justificar uma postura mais cautelosa na política monetária na quarta-feira.

O Chile interrompeu seu ciclo de flexibilização que já durava um ano, e a Colômbia fez um corte de meio ponto em uma votação dividida que indicou uma resistência a cortes mais rápidos. As decisões contrastaram com a crescente confiança do Federal Reserve de que poderá afrouxar a política monetária em breve.

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-- Com informações da Bloomberg Línea.

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