Bloomberg — Os mercados de trabalho do Brasil e México continuaram aquecidos no terceiro trimestre, um desempenho inesperado que tem sustentado a força das duas maiores economias da América Latina.
No Brasil, dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (29) mostraram que a taxa de desemprego caiu para 7,8% em agosto, e o número de pessoas desempregadas diminuiu para 8,4 milhões, os níveis mais baixos desde 2015 em ambos os casos.
No México, números divulgados na quinta (28) mostraram desemprego de apenas 3% em agosto, e a expectativa é de que a geração de empregos continue forte nos próximos meses.
“Essas economias estão a todo vapor”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs (GS). “Vimos isso desde o período pós-pandemia até hoje.”
O Brasil e o México se destacam entre os países latino-americanos, e suas economias robustas provam que quem previa crescimento lento e até mesmo recessão por conta dos juros altos estava errado.
Em ambos os países, mercados de trabalho robustos sustentam a demanda interna — especialmente no que diz respeito aos serviços, depois que os hábitos de consumo parecem ter se voltado para atividades que estavam fora do alcance durante os confinamentos da pandemia.
A recuperação deste setor de mão de obra intensiva é uma das razões pelas quais os mercados de trabalho se fortaleceram e criaram um ciclo virtuoso nessas economias. Mas os economistas questionam por quanto tempo a tendência pode durar.
“O mercado de trabalho foi uma das grandes surpresas que tivemos este ano”, disse Rafaela Vitória, economista-chefe do banco digital Inter (INTR). “É natural que um mercado de trabalho mais dinâmico se traduza em um maior crescimento potencial.”
Os brasileiros voltam ao mercado de trabalho depois que muitos ficaram à margem durante a pandemia. “O mercado de trabalho está se aquecendo, com melhores números de emprego e taxas de participação se aproximando dos níveis pré-pandemia”, afirmou Leonardo Costa, economista da Asa Investments.
A força do mercado de trabalho brasileiro desde o início do ano chamou a atenção do Banco Central, que aumentou a previsão de crescimento do PIB em 2023 pela terceira vez consecutiva no Relatório Trimestral de Inflação divulgado semana passada.
“Vimos um aumento na renda das famílias”, disse o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, a jornalistas em Brasília. “Estamos debatendo essa questão e os impactos sobre a inflação.”
Em outros países da região, o setor de serviços da Colômbia ainda está gerando empregos, e o consumo mais elevado diminui as chances de uma desaceleração econômica. O desemprego no Chile aumentou mais do que o esperado em agosto, mas deve cair nos próximos meses.
“Esperávamos que algo quebrasse, mas isso não aconteceu.” disse Alejandro Cuadrado, chefe global de câmbio do BBVA em Nova York. “Vemos este fenômeno mesmo em economias avançadas como os EUA.”
-- Com a colaboração de Maya Averbuch e Matthew Bristow.
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