Déficit primário acima do esperado aumenta preocupação fiscal e faz o dólar subir

Déficit fiscal primário do setor público consolidado foi de R$ 21,3 bi em julho, segundo dados do BC, acima das expectativas de analistas

O Palácio do Planalto em Brasília
Por Leda Alvim - Davison Santana
30 de Agosto, 2024 | 11:12 AM

Bloomberg — O real liderava as perdas entre as moedas dos mercados emergentes nesta sexta-feira (30), depois da divulgação de dados orçamentários muito piores do que o esperado, o que aumenta as preocupações de investidores sobre as perspectivas fiscais do país.

O real perdeu até 1,1% frente ao dólar, de longe a maior queda entre os países em desenvolvimento. Por volta das 11h (horário de Brasília), a moeda americana avançava 0,72% a R$ 5,67.

Dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram que o déficit fiscal primário do setor público consolidado diminuiu para R$ 21,3 bilhões em julho, ante um rombo de R$ 40,873 em junho, mas ficou acima das estimativas dos economistas de um déficit de R$ 6,9 bilhões.

Os contratos futuros de juros subiram, já que os operadores precificaram taxas mais altas em meio à deterioração das contas fiscais do país.

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A preocupação com as políticas de gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a trajetória futura das taxas de juros ajudou a tornar o real a moeda de pior desempenho nos mercados emergentes este ano, com uma queda de mais de 14% em relação ao dólar.

“A perspectiva fiscal é ruim e Lula não está fazendo nenhum esforço para corrigí-la, portanto, é provável que o real continue a ter um desempenho inferior”, disse Win Thin, chefe global de estratégia de mercados da Brown Brothers Harriman, em Nova York.

“Poderíamos ver alguma estabilidade no curto prazo, mas não vejo uma reviravolta até que as perspectivas fiscais melhorem.”

Alguns operadores esperavam que o real recebesse um impulso na sexta-feira com a primeira intervenção do Banco Central nos mercados à vista em anos, anunciada na quinta-feira.

A autoridade monetária disse nesta sexta que os US$ 1,5 bilhão leiloados foram para uma única proposta, confirmando que a intervenção estava vinculada a um fluxo específico e não a uma mudança mais ampla em sua abordagem em relação à moeda.

-- Com a colaboração de Maria Eloisa Capurro.

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