Debilidade da economia chinesa e ata do Fed inspiram cautela nos mercados

Investidores retomam os negócios depois do feriado nos EUA na expectativa de sinais mais claros sobre o futuro dos juros na ata da última reunião do Fed

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
05 de Julho, 2023 | 06:49 AM

Barcelona, Espanha — O retorno do feriado nos Estados Unidos coloca os investidores diante de novos sinais de desaceleração econômica na China enquanto esperam pela ata da reunião da última reunião de junho do Federal Reserve (Fed). A expectativa é encontrar detalhes que indiquem os próximos movimentos da taxa de juros no país.

Os futuros de índices dos EUA registravam queda, assim como as bolsas europeias. No mercado asiático, os índices também fecharam com perdas, com destaque para o recuo de mais de 1% do índice Hang Seng.

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O enfraquecimento do otimismo sobre as perspectivas para a China também levou os investidores a reduzir expectativas de ganhos nas ações asiáticas neste ano. Uma pesquisa da Bloomberg News com 17 estrategistas e gestores de fundos indica que o Índice Ásia-Pacífico da MSCI Inc. pode subir ao redor de apenas 5% até o final do ano em relação ao nível de fechamento de terça-feira.

Em relatório divulgado há pouco, o Banco Central Europeu (BCE) informou que a expectativa para a inflação na região para os próximos 12 meses caiu de 4,1% em abril para 3,9% agora. Para três anos à frente, no entanto, a perspectiva permanece inalterada em 2,5%, ainda acima da meta de 2% da autoridade monetária.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,849% às 6h48 (horário de Brasília). Entre as divisas, o dólar se apreciava pouco, assim como o euro, enquanto a libra se depreciava.

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Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI subiam, na mesma direção que o ouro, enquanto o bitcoin recuava.

→ O que move os mercados hoje

⏸️ Os detalhes da pausa. A ata do último encontro do Fed deverá conter os pormenores da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de interromper a alta de juros, seguida da indicação de ao menos duas altas adicionais neste ano. Um movimento que ainda mantém a incerteza dos investidores sobre quanto durará o ciclo de aperto monetário.

🔻 Queda livre. As ações da rede francesa de supermercados Casino caíam mais de 40% em Paris nesta quarta-feira, quando a empresa deve se reunir com seus credores para discutir as propostas de aumento de capital que estão sobre a mesa. Ontem, a rede que controla o Pão de Açúcar detalhou as propostas de dois grupos liderados por bilionários, o que deixaria os detentores existentes com quase nada.

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🏋🏻‍♀️ Perdendo força. A desaceleração econômica da China foi mais uma vez confirmada, agora pelo indicador do setor de serviços do PMI Caixin, que caiu para 53,9, o nível mais fraco desde janeiro e bem abaixo do patamar de maio (57,1).

🇨🇳 Barreiras x Cooperação. Depois da restrição de exportação de metais cruciais para a fabricação de chips, anunciada ontem por Pequim, Xi Jinping disse em discurso que é preciso rejeitar “barreiras” e garantir que os ganhos de desenvolvimento sejam compartilhados por todos. A União Europeia informou hoje que o governo chinês adiou uma viagem a Pequim de Josep Borrell, chefe de Relações Exteriores do bloco, que ocorreria na próxima semana.

👁️ Lupa australiana. Os escritórios da Binance na Austrália foram revistados pela Comissão Australiana de Valores Mobiliários e Investimentos, no âmbito de uma investigação sobre a bolsa de criptomoedas. Segundo a Bloomberg, as buscas estão relacionadas aos negócios de derivativos locais da exchange.

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🏦 Suporte ao yuan. Grandes bancos da China, quatro deles estatais, reduziram as taxas dos depósitos corporativos em dólares americanos, com efeito sobre um montante de US$453 bilhões em depósitos de empresas chinesas em moeda estrangeira. Segundo a Bloomberg, até essa última redução, os bancos ofereciam 5,7% para depósitos de um ano, ante 6% há cerca de um mês, e agora a taxa está em 5,09%. Taxas de depósito mais baixas podem ajudar a apoiar o yuan, tornando menos atraente para empresas e consumidores converterem suas reservas em dólares.

🔔 Alerta metálico. O uso de carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares pode ser ameaçado pela escassez, nos próximos anos, de metais considerados essenciais para a transição energética global. A McKinsey & Co alerta que a escassez e o encarecimento desses metais podem resultar em emissões adicionais de 400 milhões a 600 milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2030.

💊 Aporte farmacêutico. A Moderna (MRNA) deve anunciar hoje seu primeiro investimento na China, de cerca de US$1 bilhão, envolvendo vários projetos no país. O potencial investimento ocorre apenas alguns dias antes de uma visita à China da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, enquanto os países tentam restabelecer o diálogo.

(Com informações da Bloomberg News)

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (04/07): Dow Jones Industrials (--), S&P 500 (--), Nasdaq Composite (--), Stoxx 600 (+0,07%), Ibovespa (-0,50%)

Com as bolsas dos EUA fechadas pelo Dia da Independência, a liquidez foi restrita e os índices futuros tiveram pouca oscilção, assim como as bolsas europeias. No Brasil, o volume de negócios também ficou abaixo da média.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI de Serviços e Composto/Jun: Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Brasil

EUA: Índice Redbook, Pedidos de Bens Duráveis/Mai, Encomendas à Indústria/Mai, Índice IBD/TIPP de Otimismo Econômico, Estoques de Petróleo Bruto

Europa: Zona do Euro (IPP/Mai); França e Espanha (Produção Industrial/Mai)

Ásia: Japão (Investimento Estrangeiro em Ações, Compra de Títulos Estrangeiros)

América Latina: Brasil (Fluxo Cambial Estrangeiro); México (Investimento Bruto Fixo/Abr)

Banco centrais: Atas da reunião do FOMC-Fed, Discurso de John Williams (Fed) e Joachim Nagel (Bundesbank), Reunião de Política Não Monetária (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.