De tech a farmacêuticas: ações de empresas ligadas a Israel caem após ataque do Hamas

Conflito no Oriente Médio gera preocupações renovadas sobre riscos geopolíticos em um momento já de cautela nos mercados financeiros globais

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Bloomberg — O ataque surpresa do Hamas a Israel pesou sobre as ações de empresas globais com conexões locais, incluindo fabricantes de chips e provedores de software, enquanto os investidores se preocupam que o conflito possa se intensificar.

O ataque de sábado (7) gerou preocupações renovadas sobre riscos geopolíticos em um momento em que os mercados financeiros globais lidam com o impacto das taxas de juros mais altas e a desaceleração da economia da China. Os preços do petróleo dispararam, enquanto os futuros dos índices de ações dos Estados Unidos caíram.

“O ataque a Israel pode levar a um aumento da volatilidade nos mercados e tornar os investidores mais avessos ao risco a curto prazo”, disse Manish Bhargava, gestor de fundos da Straits Investment Holdings.

“Se as tensões geopolíticas se intensificarem no Oriente Médio e houver interrupções na produção ou transporte de petróleo, isso poderá levar a preços muito mais altos da commodity.”

Os mercados no Japão, na Coreia do Sul e em Taiwan estão fechados nesta segunda-feira (9) por conta de feriado, enquanto um tufão interrompeu a negociação em Hong Kong.

Confira algumas tendências globais a serem observadas:

Tecnologia

Ações de empresas de semicondutores, como Nvidia (NVDA) e Applied Materials, caíam na negociação antes da abertura dos mercados devido a preocupações com o possível impacto nos planos da Intel (INTC). Os papéis da Taiwan Semiconductor Manufacturing e da Samsung Electronics também podem ver um impacto quando a negociação for retomada.

Em junho, a Intel concordou em construir uma nova fábrica de manufatura em Israel, como parte do esforço da empresa e de seus pares para diversificar suas fontes de produção. Na época, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estimou o valor do acordo em US$ 25 bilhões.

Ações de empresas de cibersegurança, como a Datadog, também estarão em foco devido ao impacto provável na Check Point Software Technologies, sediada em Tel Aviv. A Check Point, listada nos EUA, caiu 4,4% antes da abertura dos mercados em Nova York.

As ações de exportadoras de software indianas com operações em Israel, incluindo Infosys, Tech Mahindra e Wipro, caíram menos de 0,5%.

Indústria farmacêutica

Fabricantes globais de medicamentos genéricos, como a Dr. Reddy’s Laboratories e a Lupin da Índia, podem merecer atenção devido a qualquer impacto potencial sobre a líder do setor, a Teva Pharmaceutical Industries.

O desempenho das ações no setor é misto. A Teva operava praticamente estável em Tel Aviv, enquanto a Dr. Reddy’s subia em Mumbai. A Sun Pharmaceutical Industries da Índia, que possui 72% das ações da israelense Taro Pharmaceutical, tinha pouca variação.

Petróleo

Embora Israel não seja um grande produtor de petróleo, o restante da região é, então o conflito está elevando o preço dessa commodity e das ações relacionadas a ela.

O petróleo bruto do Texas Ocidental (West Texas Intermediate) subiu 3,4%, já que um prêmio de risco de guerra retornou aos mercados.

As ações de produtores asiáticos como a Woodside Energy Group, da Austrália, e a Santos subiram mais de 3% cada, enquanto a Shell e a BP avançaram cerca de 2,5% em Londres. No pré-mercado dos EUA, a Exxon Mobil e a Chevron subiram mais de 2%.

A Energean foi uma exceção notável ao rali de energia, caindo 18% em Londres. A empresa produtora de gás natural possui ativos de produção e desenvolvimento em campos ao largo da costa de Israel.

Ouro

Enquanto isso, mineradoras de ouro asiáticas como a Newcrest Mining da Austrália subiram com o metal precioso devido à demanda por segurança à medida que as tensões no Oriente Médio aumentaram. A mineradora dos EUA, Newmont, subia 1,8% antes da abertura dos mercados.

-- Com a colaboração de Jackie Edwards, Ashutosh Joshi e Ishika Mookerjee.

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