Bloomberg — Operadores brasileiros registraram ganhos no México no mês passado, apostando que as primeiras semanas do retorno de Donald Trump à Casa Branca não iriam inviabilizar uma aceleração do corte na taxa de juros no país vizinho dos Estados Unidos.
Os juros futuros caíram de maneira generalizada no México em janeiro, com os contratos de um ano recuando mais de 50 pontos base. Os fundos brasileiros apostaram em posições aplicadas — que se beneficiam da queda de taxas — com a visão de que os investidores subestimavam a probabilidade de um ritmo de flexibilização mais rápido num contexto de desaceleração da economia.
Os principais fundos da Legacy Capital e da Vinland Capital – alguns dos maiores do Brasil – superaram a maioria dos pares monitorados pela Bloomberg no mês passado, em parte devido às apostas na queda das taxas no México. Os fundos registraram ganhos de 2,3% e 1,5% líquidos de taxas, respectivamente, em comparação com um ganho de 1% para o CDI no período.
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O Itaú Janeiro, fundo multimercado da Itaú Asset Management, disse em nota a clientes referindo-se aos seus investimentos no fim do ano passado que estava concentrando sua exposição nos juros curtos, com base nas expectativas de um Banxico mais dovish. O fundo rendeu 2,8% no mês passado.
“A probabilidade de um corte maior estava mal precificada”, disse José Oswaldo Monforte, gestor da Vinland. “Agora isso está mais bem incorporado aos preços dos ativos – o que significa que os riscos não são mais assimétricos.”
Não é a primeira vez que os multimercados brasileiros são os primeiros a agir no México, inclusive quando sua aposta no fechamento de juros saiu pela culatra após uma surpresa eleitoral no ano passado. Os fundos têm operado a ponta mais curta da curva de forma mais agressiva.
Apesar do risco de as tarifas dos EUA penalizarem o peso mexicano, o mercado se inclinou para um corte de 50 pontos base nesta quinta-feira (6). Os traders atualmente esperam quase 180 pontos base de flexibilização durante os próximos 12 meses, em comparação com 110 pontos base um mês antes.
Estrategistas do Citi liderados por Dirk Willer recomendam que investidores apostem em taxas mais baixas por meio de contratos com vencimento em dois anos, em meio a dados fracos de crescimento econômico e expectativas de que os mercados “só voltarão a se preocupar com as tarifas se elas realmente acontecerem”.
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O peso se fortaleceu cerca de 1% desde o início do ano e recentemente ganhou um impulso depois que Trump concordou em adiar as tarifas de 25% sobre as exportações do país após uma conversa com a presidente do México, Claudia Sheinbaum.
“Com o juro muito elevado, uma economia mais lenta e menos espaço fiscal, naturalmente é necessário ter mais flexibilização monetária”, disse Ning Sun, estrategista sênior de mercados emergentes da State Street Global Markets. “Trump deu algum tempo extra ao México.”
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