De JGP à Verde: multimercados lucram com juros globais em melhor mês do ano

Em julho, o IHFA, índice de hedge funds da Anbima, subiu 1,51% e bateu o CDI, que avançou 0,91%; no acumulado do ano, contudo, o índice perde para o benchmark

Bolsa de Nova York: apostas bem-sucedidas vieram no contexto de aumento das apostas em cortes de juros pelo Fed
Por Felipe Saturnino
15 de Agosto, 2024 | 03:38 PM

Bloomberg — As gestoras de fundos multimercados brasileiras tiveram em julho a melhor performance desde dezembro de 2023 e bateram a taxa de referência do CDI apenas pela segunda vez no ano, com ganhos de apostas em taxas de juros do exterior.

Fundos de casas como JGP e Bahia Asset avançaram no mês com retornos em posições que se beneficiavam do diferencial de juros entre taxas externas de longo e de curto prazo – movimento conhecido como inclinação da curva –, de países como os Estados Unidos.

A Vinland Capital e a Verde Asset também tiveram lucro com investimentos em juros externos.

Leia também: Verde reduz aposta em dólar e zera posição em inflação com fiscal e EUA no radar

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A aposta bem-sucedida dos gestores se deu no contexto em que os mercados passaram a elevar apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, diante de dados mais fracos da economia dos EUA e inflação sob controle.

Isso levou a uma queda das taxas de curto prazo e fez a diferença subir em relação aos juros mais longos.

Thiago Mendez, sócio e gestor de renda fixa e multimercados da Bahia Asset, avalia que o mercado ainda precifica um prazo muito longo para que os principais bancos centrais, como o Fed, reduzam os juros a níveis abaixo do neutro – ou seja, o patamar em que o juro não acelera nem desacelera a economia.

Isso abre espaço para apostas em um processo de flexibilização que seja mais célere e, nesse caso, as taxas curtas cairiam mais rapidamente do que as longas, acrescentou ele.

A Bahia Asset obteve lucros com apostas de inclinação de curva nos EUA, no Reino Unido e no Canadá. O fundo reduziu as posições, mas prevê continuidade do movimento.

  

No âmbito doméstico, alguns fundos, como os da Absolute Investimentos e da Ibiuna Investimentos, seguem com posições que ganham com a alta das taxas de inflação implícita.

Traders apostam que o Banco Central será forçado a iniciar um ciclo de aumento de juros, com a curva de juros futuros atualmente precificando um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica até o fim do ano. Enquanto isso, a Ace Capital reduziu exposição na bolsa local.

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O IHFA, índice de hedge funds da Anbima, subiu 1,51% em julho, e bateu o CDI, que avançou 0,91%. No acumulado do ano até o fim do mês passado, o IHFA sobe 1,7%, enquanto a taxa de referência avança 6,2%.

Absolute Investimentos

A posição que ganhava com a valorização da bolsa dos EUA foi zerada e o fundo mantém aposta otimista em ações brasileiras.

O multimercado segue posicionado para alta na inflação implícita no Brasil e tem operado de forma mais ativa em posições que se beneficiam da queda de juros em países desenvolvidos.

  • Retorno do Absolute Vertex em julho:+2,2%

Ace Capital

A Ace reduziu, em renda variável, a exposição a ações brasileiras por meio da venda de índice e também diminuiu a aposta otimista em bancos. A casa zerou posição em aumento do diferencial de juros entre taxas de mais longo prazo e de mais curto prazo nos EUA.

  • Retorno do Ace Capital em julho: +0,6%

Adam Capital

O fundo segue com posições que ganham com a valorização do ouro e ativos reais, como a bolsa americana. Também disse que detém estratégias relativas em juros em algumas geografias, sem dar mais detalhes.

  • Retorno do Adam Macro II em julho: +0,5%

Bahia Asset Management

No Brasil, o fundo tem posições que lucram com o aumento do diferencial entre taxas da curva de juros reais. Em commodities, o multimercado abriu aposta que ganha com a desvalorização dos preços do petróleo. Também iniciou uma posição que se beneficia da desvalorização do dólar.

  • Retorno do Bahia AM Marau em julho: +1,6%

Genoa Capital

Segundo a gestora, o Banco Central produziu mensagens “mais uma vez ruidosas”, dada a “diferença relevante em termos de tom”. O fundo disse, em carta aos cotistas, que não tem apostas nos juros nominais e que está levemente posicionado em inflação local.

  • Retorno do Genoa Capital Radar em julho: +0,4%

Ibiuna Investimentos

A postura reativa do Banco Central sugere que altas de juros no fim do ano se tornarão inevitáveis, segundo a Ibiuna Investimentos. A gestora detém posições que ganham com a queda dos juros reais e compradas em inflação implícita. O fundo continua vendido no real.

  • Retorno do Ibiuna Hedge STH em julho: +0,5%

JGP Asset Management

O fundo teve lucro com posições que ganhavam com alta dos juros futuros no Brasil e com a valorização do dólar. As apostas contra o S&P 500 e no ouro também foram positivas para o resultado.

  • Retorno do JGP Strategy em julho: +2,6%

Kapitalo Investimentos

A Kapitalo elevou as apostas que se beneficiam da valorização do ouro. A casa reduziu posições que ganham com a queda dos juros na zona do euro e manteve essas apostas nos EUA e no Brasil.

  • Retorno do Kapitalo Kappa em julho: +1,0%

Legacy Capital

Segundo carta mensal, o fundo neutralizou o portfólio local “em função das implicações dos últimos dados da economia dos EUA para o cenário local”. Reduziu posição otimistas nas bolsas internacionais com a maior desaceleração da economia dos EUA.

  • Retorno do Legacy Capital em julho: +1,7%

Verde Asset

A Verde Asset manteve alocação comprada em juro real nos EUA e zerou a posição em inflação implícita no Brasil. Em moedas, continua com posição que ganha com a valorização do dólar contra o real.

  • Retorno do Verde FIC FIM: +1,4%

Vinland Capital

Em juros no Brasil, o fundo detém leve posição vendida em volatilidade em juros curtos. Na renda variável, zerou as posições em bolsa americana e está vendido na bolsa brasileira.

  • Retorno do Vinland Macro Plus: +2,7%

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