Bloomberg — As gestoras de fundos multimercados brasileiras tiveram em julho a melhor performance desde dezembro de 2023 e bateram a taxa de referência do CDI apenas pela segunda vez no ano, com ganhos de apostas em taxas de juros do exterior.
Fundos de casas como JGP e Bahia Asset avançaram no mês com retornos em posições que se beneficiavam do diferencial de juros entre taxas externas de longo e de curto prazo – movimento conhecido como inclinação da curva –, de países como os Estados Unidos.
A Vinland Capital e a Verde Asset também tiveram lucro com investimentos em juros externos.
Leia também: Verde reduz aposta em dólar e zera posição em inflação com fiscal e EUA no radar
A aposta bem-sucedida dos gestores se deu no contexto em que os mercados passaram a elevar apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, diante de dados mais fracos da economia dos EUA e inflação sob controle.
Isso levou a uma queda das taxas de curto prazo e fez a diferença subir em relação aos juros mais longos.
Thiago Mendez, sócio e gestor de renda fixa e multimercados da Bahia Asset, avalia que o mercado ainda precifica um prazo muito longo para que os principais bancos centrais, como o Fed, reduzam os juros a níveis abaixo do neutro – ou seja, o patamar em que o juro não acelera nem desacelera a economia.
Isso abre espaço para apostas em um processo de flexibilização que seja mais célere e, nesse caso, as taxas curtas cairiam mais rapidamente do que as longas, acrescentou ele.
A Bahia Asset obteve lucros com apostas de inclinação de curva nos EUA, no Reino Unido e no Canadá. O fundo reduziu as posições, mas prevê continuidade do movimento.
No âmbito doméstico, alguns fundos, como os da Absolute Investimentos e da Ibiuna Investimentos, seguem com posições que ganham com a alta das taxas de inflação implícita.
Traders apostam que o Banco Central será forçado a iniciar um ciclo de aumento de juros, com a curva de juros futuros atualmente precificando um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica até o fim do ano. Enquanto isso, a Ace Capital reduziu exposição na bolsa local.
O IHFA, índice de hedge funds da Anbima, subiu 1,51% em julho, e bateu o CDI, que avançou 0,91%. No acumulado do ano até o fim do mês passado, o IHFA sobe 1,7%, enquanto a taxa de referência avança 6,2%.
Absolute Investimentos
A posição que ganhava com a valorização da bolsa dos EUA foi zerada e o fundo mantém aposta otimista em ações brasileiras.
O multimercado segue posicionado para alta na inflação implícita no Brasil e tem operado de forma mais ativa em posições que se beneficiam da queda de juros em países desenvolvidos.
- Retorno do Absolute Vertex em julho:+2,2%
Ace Capital
A Ace reduziu, em renda variável, a exposição a ações brasileiras por meio da venda de índice e também diminuiu a aposta otimista em bancos. A casa zerou posição em aumento do diferencial de juros entre taxas de mais longo prazo e de mais curto prazo nos EUA.
- Retorno do Ace Capital em julho: +0,6%
Adam Capital
O fundo segue com posições que ganham com a valorização do ouro e ativos reais, como a bolsa americana. Também disse que detém estratégias relativas em juros em algumas geografias, sem dar mais detalhes.
- Retorno do Adam Macro II em julho: +0,5%
Bahia Asset Management
No Brasil, o fundo tem posições que lucram com o aumento do diferencial entre taxas da curva de juros reais. Em commodities, o multimercado abriu aposta que ganha com a desvalorização dos preços do petróleo. Também iniciou uma posição que se beneficia da desvalorização do dólar.
- Retorno do Bahia AM Marau em julho: +1,6%
Genoa Capital
Segundo a gestora, o Banco Central produziu mensagens “mais uma vez ruidosas”, dada a “diferença relevante em termos de tom”. O fundo disse, em carta aos cotistas, que não tem apostas nos juros nominais e que está levemente posicionado em inflação local.
- Retorno do Genoa Capital Radar em julho: +0,4%
Ibiuna Investimentos
A postura reativa do Banco Central sugere que altas de juros no fim do ano se tornarão inevitáveis, segundo a Ibiuna Investimentos. A gestora detém posições que ganham com a queda dos juros reais e compradas em inflação implícita. O fundo continua vendido no real.
- Retorno do Ibiuna Hedge STH em julho: +0,5%
JGP Asset Management
O fundo teve lucro com posições que ganhavam com alta dos juros futuros no Brasil e com a valorização do dólar. As apostas contra o S&P 500 e no ouro também foram positivas para o resultado.
- Retorno do JGP Strategy em julho: +2,6%
Kapitalo Investimentos
A Kapitalo elevou as apostas que se beneficiam da valorização do ouro. A casa reduziu posições que ganham com a queda dos juros na zona do euro e manteve essas apostas nos EUA e no Brasil.
- Retorno do Kapitalo Kappa em julho: +1,0%
Legacy Capital
Segundo carta mensal, o fundo neutralizou o portfólio local “em função das implicações dos últimos dados da economia dos EUA para o cenário local”. Reduziu posição otimistas nas bolsas internacionais com a maior desaceleração da economia dos EUA.
- Retorno do Legacy Capital em julho: +1,7%
Verde Asset
A Verde Asset manteve alocação comprada em juro real nos EUA e zerou a posição em inflação implícita no Brasil. Em moedas, continua com posição que ganha com a valorização do dólar contra o real.
- Retorno do Verde FIC FIM: +1,4%
Vinland Capital
Em juros no Brasil, o fundo detém leve posição vendida em volatilidade em juros curtos. Na renda variável, zerou as posições em bolsa americana e está vendido na bolsa brasileira.
- Retorno do Vinland Macro Plus: +2,7%
Veja mais em bloomberg.com
©2024 Bloomberg L.P.