Bloomberg — O minério de ferro caminha para uma forte baixa semanal, atingindo a menor cotação desde 2022, diante da preocupação de que uma crise na indústria siderúrgica que se alastra pela China irá enfraquecer a demanda, enquanto a oferta das mineradoras permanece alta.
Os futuros eram negociados abaixo de US$ 93 a tonelada em Singapura nesta sexta-feira (16), após atingirem uma mínima intradiária de US$ 92,20. O principal insumo da produção de aço – uma das commodities de pior desempenho neste ano – perdeu quase 9% nesta semana, a maior desvalorização desde março.
Siderúrgicas da China, a maior importadora de minério de ferro, são desafiadas por uma demanda fraca e queda dos preços dos produtos, e muitas delas estão reduzindo a produção.
Leia também: Vale, Rio Tinto e BHP: como a fraqueza da China deve impactar o preço do minério
No início desta semana, a China Baowu Steel, líder do setor, afirmou que a indústria pode enfrentar uma desaceleração mais grave do que as grandes crises registradas em 2008 e 2015.
O país tem sido afetado por um crescimento mais lento e uma prolongada crise imobiliária, que corroeu o consumo de aço.
Analistas do mercado, incluindo o Macquarie Group, esperam que o minério de ferro permaneça sob pressão, uma vez que o suprimento global dá sinais de superar a demanda, criando um excesso de oferta.
Se os preços fracos persistirem, isso será um desafio para produtores com maiores custos, já que suas operações correm o risco de perder a rentabilidade.
“O mercado está com muita oferta quando a demanda está caindo ciclicamente; minha expectativa é que não pare a um custo marginal”, disse Marcus Garvey, chefe de estratégia de commodities da Macquarie.
“Provavelmente veríamos preços em US$ 80, US$ 85, eliminando claramente toda a parte superior da curva de custos.”
Uma pesquisa da indústria siderúrgica chinesa feita pelo Macquarie apontou para condições difíceis. Entre os resultados, 50% das siderúrgicas disseram estar perdendo dinheiro, com 23% apenas no ‘break even’, enquanto quase metade das usinas planejava reduzir a produção ligeiramente ou muito.
O setor imobiliário continuou sendo o “principal obstáculo”, disse o banco.
Do lado da oferta, as principais mineradoras da Austrália e do Brasil – que desfrutam de custos muito baixos por tonelada devido à sua escala – têm aumentado as cargas.
Os embarques de minério de ferro de Port Hedland – o maior terminal de exportação a granel da Austrália – cresceram para mais de 330 milhões de toneladas nos primeiros sete meses do ano, à frente do ritmo estabelecido no ano passado e em 2022.
Veja mais em bloomberg.com