BlackRock e Allianz estão entre investidores de incorporadora chinesa em crise

Impacto sobre gestoras globais está em foco no momento em que a empresa chinesa, que já foi a maior do país no mercado imobiliário, está à beira de seu primeiro default

Por

Bloomberg — Gigantes globais como BlackRock (BLK) e Allianz podem estar entre os principais investidores a serem observados na crise de dívida da incorporadora chinesa Country Garden.

A BlackRock detinha US$ 358,5 milhões em títulos denominados em dólar da Country Garden, de acordo com documento datado de 14 de agosto. A posição da Allianz era de US$ 301 milhões com base em registro de 30 de junho – a mesma data em que documentos mostravam Fidelity International e HSBC como detentores de papéis.

Esses dados não refletem necessariamente as posições atuais, pois algumas podem ter mudado desde que os documentos foram registrados, e as empresas podem manter títulos em nome de clientes. As regras sobre como os fundos divulgam suas participações variam de país para país. E as posições informadas pelos bancos podem incluir aquelas mantidas em subsidiárias de gestoras de ativos.

O destino de credores globais está em foco, já que a Country Garden está à beira de seu primeiro default. Uma possível inadimplência da empresa, que já foi a maior incorporadora da China pelo critério de vendas contratadas, causaria tremores nos mercados de dívida do país, em que credores offshore às vezes não são pagos para priorizar investidores domésticos.

De acordo com registros de 30 de abril e 31 de março, respectivamente, a Ninety One UK e a Apollo Asset Management também detinham títulos em dólar da Country Garden. Outros bancos com exposição incluem o UBS e o JPMorgan (JPM), com base em documentos registrados no início deste mês. O Deutsche Bank e o Lombard Odier também tinham posições, de acordo com registros de 30 de junho.

BlackRock, HSBC, Allianz, Fidelity, Ninety One, UBS, JPMorgan, Deutsche Bank e Lombard Odier não quiseram comentar ou não comentaram de imediato. A Apollo ainda não respondeu a pedidos de comentários.

Crise imobiliária

Dados divulgados nesta quarta-feira (16) mostraram que o mercado imobiliário continuou a perder força em julho. Os preços de novos imóveis na China caíram pelo segundo mês, enquanto o valor de todos os imóveis vendidos atingiu o nível mais baixo em quase seis anos.

As recentes quedas das vendas afetam as construtoras, que tentam equilibrar a conclusão de imóveis comprados com o pagamento de dívidas.

“Até agora, qualquer política de apoio do estado visava mais a conclusão de projetos residenciais do que o pagamento de dívidas corporativas”, escreveram os analistas da Bloomberg Intelligence, Andrew Chan e Daniel Fan.

A Country Garden tem mais de 3 mil projetos habitacionais no país, quatro vezes mais do que a China Evergrande, que até agora tem sido o epicentro de uma crise de caixa sem precedentes entre as incorporadoras.

A contagem regressiva já começou para um período de carência de 30 dias depois que a Country Garden deixou de pagar cupons para duas notas em dólar que venciam em 7 de agosto.

Enquanto isso, a companhia pede feedback sobre uma proposta para adiar o pagamento de um título local de 3,9 bilhões de yuans (US$ 535 milhões) com vencimento em 2 de setembro, com desembolsos amortizados em 36 meses, segundo pessoas a par do assunto.

A incorporadora disse na semana passada que planeja realizar em breve reuniões com investidores de títulos sobre acordos de pagamento. A empresa reiterou que tomará medidas para diminuir os riscos e proteger os direitos legítimos de investidores, garantindo as entregas de imóveis.

-- Com a colaboração de Lorretta Chen.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Peso deverá ter desvalorização de 70% na Argentina até 2024, diz BofA

Gestores dobram apostas em Ibovespa acima dos 130 mil pontos, aponta pesquisa