Crise imobiliária chinesa deve ampliar ainda mais a queda do aço este ano e em 2024

Preços do aço laminado a quente e do vergalhão já caíram cerca de 14% desde pico em março; estimativa é de queda de mais 4% até o fim do ano

A crise prolongada no setor imobiliário chinês é o maior fator de baixa para os preços do aço
Por Bloomberg News
30 de Agosto, 2023 | 09:02 AM

Bloomberg — Os preços do aço na China devem continuar em trajetória de queda até o final do ano e em 2024, com enfraquecimento da demanda e excesso da capacidade produtiva, segundo a Capital Economics.

A crise prolongada no setor imobiliário chinês é o maior fator de baixa, disse a empresa de pesquisa com sede em Londres. Os esforços de Pequim para estimular a economia irão, na melhor das hipóteses, conter o declínio.

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Embora os gastos do governo com infraestruturas possam ajudar a sustentar uma demanda mínima, as vendas de imóveis estão em “declínio de longo prazo devido a fatores demográficos e ao êxodo rural mais lento para as cidades”, afirmou a Capital Economics.

Ao mesmo tempo, o crescimento das exportações de aço pode diminuir com a desaceleração econômica em países desenvolvidos.

Os preços do aço laminado a quente e do vergalhão de aço na China já caíram cerca de 14% em relação ao pico de meados de março. E a cotação do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian acumula queda de mais de 11% no mesmo período.

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A Capital Economics estima que os preços do aço devem cair mais 4% até o final do ano, e quase 3% em 2024.

O setor imobiliário responde por 37% da produção de aço da China, de acordo com o ANZ Group, enquanto a construção civil como um todo consome cerca de 60%.

O banco espera que a demanda por aço no setor imobiliário caia 22% este ano, para 275 milhões de toneladas. Embora algum crescimento na infraestrutura compense isso, o ANZ prevê que a demanda global por aço se contraia em 5%, para 910 milhões de toneladas.

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Crescimento anual no estoque mensal de aço.

Os preços do aço para construção na China sofreram uma queda forte após o pico de março, mas se estabilizaram nas últimas semanas. A produção aumentou com as usinas se preparando para um aumento sazonal da atividade de construção nos próximos dois meses.

As siderúrgicas também podem estar aumentando produção antes que o governo imponha restrições para limitar a poluição.

Nos últimos dois anos o governo limitou a produção, depois que as usinas do país ultrapassaram 1 bilhão de toneladas, e prometeu fazer o mesmo em 2023. A produção também deve cair no ano que vem, com o mesmo cenário de demanda fraca e estoques altos, disse a Capital Economics.

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