CPI: núcleo da inflação dos EUA sobe 0,3% pelo segundo mês consecutivo

Leitura da inflação ao consumidor dos EUA de setembro tende a influenciar a decisão de política monetária do Fed na próxima reunião no início de novembro

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Bloomberg Línea — O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos teve alta de 0,4% em setembro, após subir 0,6% no mês anterior.

Já o núcleo do CPI (medida que desconsidera preços de itens mais voláteis como alimentos e energia) subiu 0,3% no mês, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Departamento do Trabalho americano.

O resultado mostra uma estabilidade do núcleo em relação a agosto, quando o indicador também registrou alta de 0,3%. O núcleo é uma das principais medidas acompanhadas pelo Federal Reserve em sua decisão de política monetária. Isso porque fornece indicações mais precisas sobre a variação dos preços no país.

Na comparação anual, o núcleo subiu 4,1%, enquanto o indicador principal avançou 3,7%.

Estimativa mediana em pesquisa da Bloomberg apontava para alta de 0,3% do núcleo na base mensal e de 4,1% na anual. Já para o indicador geral, as estimativas eram de alta de 0,3% na comparação mensal e de 3,6% em 12 meses.

Após a divulgação, os índices futuros de ações dos EUA reduziram os ganhos. Por volta das 9h45 (horário de Brasília), o S&P 500 Futuro avançava 0,10%, enquanto o Nasdaq 100, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha perdas de 0,02%. Já o Dow Jones subia 0,19%.

O aumento dos preços em setembro foi puxado principalmente pela alta da gasolina, que contribuiu para metade do avanço no mês, segundo o Departamento do Trabalho. O grupo de habitação também subiu, adicionando pressão sobre os preços.

Reflexo para os juros

A leitura do CPI de setembro é fundamental para definir o rumo da política de juros do Federal Reserve, antes da próxima reunião da autoridade monetária em 31 de outubro e 1° de novembro.

A desaceleração do núcleo da inflação na metade do ano havia alimentado esperanças de que o Fed interromperia os aumentos após elevar a taxa de referência em julho para o intervalo entre 5,25% e 5,5%.

No entanto, o aumento dos preços da gasolina fizeram o índice de agosto subir 0,6% em relação ao mês anterior - o maior aumento desde que a inflação atingiu o pico em quatro décadas em junho de 2022 - e o núcleo do CPI acelerou pela primeira vez desde maio.

A ata do Fed, publicada na quarta-feira (11), mostrou que os diretores do Fed concordaram no mês passado que a taxa de juros deve permanecer restritiva por algum tempo, observando ao mesmo tempo que os riscos de um aperto excessivo agora devem ser equilibrados com a trajetória de queda da inflação.

Dados publicados na quarta-feira mostraram que os preços aos produtores subiram mais do que o previsto em setembro, impulsionados pelos custos mais altos de energia.

Os dados recentes de inflação destacam como um mercado de trabalho aquecido tem sustentado a demanda do consumidor, o que pode manter as pressões sobre os preços acima da meta do Fed.

Não está claro se isso levará o banco central para mais um aumento das taxas este ano, especialmente diante de um recente aumento nas taxas de juros dos títulos que alguns diretores do BC americano dizem poder substituir medidas de aperto na política. Pelo menos, isso apoia o desejo dos membros da autoridade monetária de manter os juros elevados por algum tempo.

Os funcionários do Fed tem adotado uma abordagem mais paciente agora que as taxas de juros estão no auge ou perto dele, disse a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, na quarta-feira.

Seu colega de Atlanta, Raphael Bostic, disse que o banco central não precisa continuar apertando a política a menos que a queda da inflação comece a estagnar.

“A virada menos hawkish que vimos do Fed é em parte para tentar reduzir a volatilidade que vimos nos mercados de taxas e para tentar trazer as expectativas para um nível mais razoável”, disse Mehvish Ayub, estrategista sênior de investimentos da State Street Global Advisors, na Bloomberg Television.

-- Com informações da Bloomberg News

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