CPI: Inflação dos EUA desacelera mais do que esperado em junho

Resultado do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de junho antecede a próxima reunião do Fed para definir se voltará a subir a taxa de juros no país depois de fazer uma pausa

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12 de Julho, 2023 | 09:36 AM

Bloomberg Línea — O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos teve alta de 0,2% em junho, em um sinal de que os aumentos de preços se mantiveram relativamente controlados enquanto o Federal Reserve avalia se deve elevar novamente os juros no país depois fazer uma pausa. O núcleo do CPI (medida que desconsidera preços de itens mais voláteis como alimentos e energia) subiu 0,2%, abaixo do resultado de maio (0,4%), de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Departamento do Trabalho americano.

O núcleo é uma das principais medidas acompanhadas pelo Federal Reserve em sua decisão de política monetária. Isso porque fornece indicações mais precisas sobre a variação dos preços no país.

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O resultado veio em linha do esperado por economistas consultados pela Bloomberg, que estimavam um aumento de 0,2% da inflação no mês na leitura geral e de 0,2% para o núcleo. Em 12 meses, o CPI acumula alta de 3,0% até junho, abaixo do resultado de maio (4,0%), uma desaceleração maior do que a esperada por economistas, que estimavam resultado de 3,1%. Já o núcleo teve aumento de 4,8% em 12 meses até junho (ante 5,3% do resultado de maio).

Após a divulgação, os índices futuros de ações dos EUA subiram. Por volta das 9h40 (horário de Brasília), o S&P 500 Futuro subia 0,74%, enquanto o Nasdaq 100, com grande exposição ao setor de tecnologia, tinha ganhos de 0,94%. O Ibovespa Futuro subia 0,86%.

A divulgação do principal índice de inflação dos Estados Unidos ocorre duas semanas antes da reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), do Federal Reserve, que deve decidir no dia 26 o novo patamar da taxa de juros do país. Diretores do Fed têm apontado a necessidade de realizar novos aumentos de juros depois de o banco central americano decidir manter a taxa básica no mesmo patamar na última reunião no mês passado, na faixa entre 5,0% e 5,25% ao ano.

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A campanha de aumento de juros do Fed teve início em março de 2022 quando a taxa estava no patamar entre 0% e 0,25%. Desde então foram 10 aumentos consecutivos na taxa de referência e uma pausa, no mais forte ciclo de aperto monetário desde o fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.

A medida foi tomada pelo Federal Reserve, bem como pela maioria dos bancos centrais ao redor do mundo, em resposta ao rápido aumento da inflação que se sucedeu após o arrefecimento da pandemia e a retomada da atividade econômica no mundo. A maior demanda e a falta de oferta fez elevar os preços em todo mundo.

O estouro da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, contribuiu para uma pressão ainda maior sobre os preços depois da disparada das cotações internacionais de commodities agrícolas (como trigo, soja e milho) e do petróleo.

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A inflação dos EUA em 12 meses chegou a 9,06% em junho do ano passado e vem desacelerando desde então com a maior pressão do Fed e um alívio nos preços das commodities.

No entanto, a economia americana tem se mostrado mais resiliente do que o esperado. A taxa de desemprego se mantém em patamares historicamente baixos e atingiu 3,6% em junho.

-- Atualizada para incluir a reação dos mercados.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.